Brasil bate mais um recorde trágico e ultrapassa 3.000 mortes diárias por Covid-19

24 de Março 2021

O Brasil teve na terça-feira o seu dia mais trágico desde o início da pandemia, após ter ultrapassado, pela primeira vez, os três mil mortos (3.251) devido à Covid-19 num único dia, informou o executivo.

No total, a nação sul-americana perdeu 298.676 vidas desde fevereiro do ano passado, mês em que a Covid-19 chegou ao país, segundo dados do último boletim epidemiológico difundido pelo Ministério da Saúde.

O recorde anterior de mortes havia sido alcançado na última terça-feira, quando foram registados 2.841 óbitos em 24 horas.

Em relação ao número de infeções, foram contabilizados 82.493 casos positivos entre segunda-feira e hoje, num total de 12.130.019 diagnósticos de Covid-19 em solo brasileiro.

Os números de terça-feira elevaram as médias de casos e de mortes para novos patamares recorde. A média de número de infeções subiu para 76.545 por dia, enquanto que a média de mortes passou para 2.436.

Ontem, à semelhança do que tem acontecido nos últimos dias, o Brasil é, de longe, o país com maior número de vítimas mortais e de novos casos em 24 horas.

Estes números confirmam o Brasil como o país com mais mortes e infeções pelo novo coronavírus acumulados na última semana, em todo o mundo, sendo a segunda nação com maior número total de óbitos e infeções, apenas atrás dos Estados Unidos.

Naquele que é o momento mais critico da pandemia no Brasil, a taxa de incidência da doença no país subiu ontem para 142 mortes e 5.772 casos por 100 mil habitantes, segundo a tutela da Saúde.

São Paulo continua a ser o foco da pandemia no país, ao ser responsável por 2.332.043 casos e 68.623 mortes do país. Aquele que é o Estado mais rico e populoso do Brasil, com 46 milhões de habitantes, registou ontem um recorde de 1.021 vítimas mortais em 24 horas.

O último recorde em São Paulo havia sido registado na terça-feira passada, momento em que 679 óbitos foram contabilizados em 24 horas.

Os números trágicos foram registados no primeiro dia da gestão do novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, que tomou ontem posse numa cerimónia discreta em Brasília, sem a presença da imprensa.

A gestão do seu antecessor, um militar sem experiência médica, general Eduardo Pazuello, tem sido amplamente criticada, à medida que o país avança numa crise de saúde descontrolada.

Face ao agravamento da pandemia, que levou ao risco iminente de falta de oxigénio em seis Estados brasileiros, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sugeriu que todas Unidades Federativas e cidades classificadas com “alerta crítico” devido à lotação de camas de cuidados intensivos restrinjam todas as atividades não essenciais por 14 dias.

À exceção do Amazonas e Roraima, todos os Estados do Brasil e o Distrito Federal estão na classificação de “alerta crítico”, segundo a recomendação feita no boletim extraordinário do observatório Covid-19 da Fiocruz, maior centro de investigação científica da América Latina.

Os especialistas pedem ainda o uso obrigatório de máscaras por pelo menos 80% da população, visando alcançar a “redução de cerca de 40% da transmissão”.

“Este colapso não foi produzido em março de 2021, mas ao longo de vários meses, refletindo os modos de organização para o enfrentamento da pandemia no país, nos estados e nos municípios”, aponta o documento.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.732.899 mortos no mundo, resultantes de cerca de 123,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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