Cientistas sul-africanos encontram variante “mais transmissível” em Angola

4 de Abril 2021

Cientistas sul-africanos descobriram a variante "mais transmissível" do novo coronavírus SARS-Cov-2 na primeira sequenciação genómica realizada com amostras recolhidas em Angola, foi hoje anunciado.

A variante foi descoberta no mês passado em três cidadãos tanzanianos, em Angola, disse o professor Túlio de Oliveira, que lidera a equipa de cientistas sul-africanos da Universidade do KwaZulu-Natal, especialistas em inovação e sequenciamento genómico, que realizou o estudo.

Angola contabiliza 22.579 casos de infeção do novo coronavírus e 540 mortes associadas à covid-19, segundo o centro de monitoria global da doença pandémica da Universidade John Hopkins.

“Quando comparada com outras variantes de preocupação (VOC, na sigla em inglês) e variantes de interesse (VOI, na sigla em inglês), esta é a mais divergente”, disse Túlio de Oliveira, salientando que a descoberta foi relatada como sendo “um novo VOI dada a constelação de mutações com significado biológico conhecido ou suspeito, especificamente resistência a anticorpos neutralizantes e transmissibilidade potencialmente aumentada”.

“Embora tenhamos detetado apenas três casos com esta variante, isto justifica uma investigação urgente, pois o país de origem, a Tanzânia, tem uma epidemia em grande parte não documentada e poucas medidas de saúde pública em vigor para prevenir a propagação dentro e fora do país”, explicou Túlio de Oliveira ao semanário sul-africano Sunday Tribune, que se publica em Durban, litoral do país.

Os cientistas sul-africanos da Plataforma de Inovação e Sequenciamento de Pesquisa KwaZulu-Natal (KRISP, na sigla em inglês), sublinharam que a nova variante “não foi ainda reportada em nenhum outro país”, nomeadamente na África do Sul.

“Não temos ideia se ainda é novo ou se foi a variante dominante na Tanzânia, e é por isso que pedimos atenção urgente, pois realmente precisamos ter uma melhor compreensão do vírus e da epidemiologia na Tanzânia”, referiu por seu lado Richard Lessells, investigador do KRISP, especialista em doença infecciosas.

“Recebemos amostras adicionais de Angola e estamos atualmente a gerar e a analisar dados”, adiantou.

O Presidente tanzaniano, John Magufuli, que morreu no mês passado de doença associada à covid-19, segundo a oposição, negou a existência da pandemia do novo coronavírus no país.

A Tanzânia, com 509 casos de infeção e por covid-19 e 21 mortes, deixou de divulgar novos casos de infeção e óbitos associados à covid-19 em maio de 2020, segundo o centro de monitoria global da doença pandémica da Universidade John Hopkins.

O estudo realizado pelos cientistas sul-africanos contou com a participação de várias entidades, nomeadamente o Ministério da Saúde de Angola e o África CDC.

Com mais de 9.9 milhões de testes realizados à cobid-19, a África do Sul contabiliza 1.551.501 infeções e 52.954 mortes associadas à doença do novo coronavírus, segundo as autoridades da saúde sul-africanas.

O número de funcionários da saúde vacinados desde fevereiro com a vacina da Johnson & Johnson totaliza 269.102 pessoas, precisou o Ministério da Saúde da África do Sul.

LUSA/HN

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