Portugal pode entrar na “zona vermelha” em duas semanas, novos passos no desconfinamento em causa

13 de Abril 2021

A pandemia de Covid-19 regista uma “inversão da tendência” de descida em Portugal, que já tem um índice de transmissibilidade (R) de 1,05, podendo atingir os 120 casos por 100 mil habitantes dentro de “duas semanas a um mês”.

A informação foi avançada pelo investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que assinalou a atual “fase de crescimento” da disseminação do vírus SARS-CoV-2 no país e adiantou que no dia 08 de abril, o último sobre o qual havia dados, o R atingiu já os 1,09, quando na anterior reunião do Infarmed (23 de março) o valor deste índice se situava em 0,89.

“No país, com este nível de crescimento e uma taxa próxima de 71 casos por 100 mil habitantes, o tempo para chegar à linha dos 120 casos por 100 mil habitantes está entre duas semanas e um mês.

A região do Algarve já atingiu esse valor e as regiões da Madeira e Açores também”, afirmou, em alusão à primeira linha de avaliação da matriz desenhada pelo Governo para controlo da situação epidemiológica no plano de desconfinamento.

Numa intervenção realizada na reunião no Infarmed, em Lisboa, que junta especialistas, membros do Governo e o Presidente da República, Baltazar Nunes destacou que o aumento da incidência é mais visível no grupo etário até aos 9 anos e que, em sinal contrário, e “muito positivo”, a incidência de novos casos na faixa acima dos 65 anos foi baixa.

Portugal aumentou também os seus índices de mobilidade, com o fim do confinamento, e está agora “no meio da tabela dos países com maior mobilidade da população”, além de se verificar um aumento dos contactos dos cidadãos com diferentes grupos etários.

Paralelamente, Baltazar Nunes chamou a atenção para o impacto da vacinação contra a Covid-19 ao nível de óbitos e internamentos.

De facto, o especialista do INSA disse que a vacinação permitiu prevenir entre 78 e 140 mortes entre janeiro e abril, bem como uma redução de entre 3% e 5% de camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos e entre 9% e 10% nos internamentos em enfermaria.

A terminar, o aviso do investigador que integra o grupo de peritos de aconselhamento do executivo sobre o futuro imediato no plano de desconfinamento: “Os próximos passos deverão ter em conta que a mobilidade está a aumentar, o R estar acima de 1 e a incidência ao nível dos concelhos e das regiões”.

Em Portugal, morreram 16.918 pessoas dos 827.765 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

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