Participação de Portugal na Expo Dubai “é muito importante para empresas portuguesas”

7 de Agosto 2021

A Vision-Box considera que a participação de Portugal na Expo Dubai "é muito importante para as empresas portuguesas" e que os sistemas da tecnológica portuguesa nos aeroportos daquele emirado "vão ser postos à prova" durante o evento.

Em entrevista à Lusa, no escritório no Dubai Silicon Oasis, o responsável pelo desenvolvimento do negócio a nível global da Vision-Box, Pedro Pinto, falou sobre a importância da realização da Expo 2020 naquele emirado dos Emirados Árabes Unidos, que arranca em 01 de outubro.

“Como estamos na entrada do Dubai, ou seja, nos aeroportos, vai significar que os nossos sistemas vão ser postos à prova”, uma vez que “esperamos um número muito elevado de passageiros a utilizar os nossos sistemas”, referiu.

A tecnológica vai ter as suas “equipas prontas e reforçadas para dar suporte ao pico de passageiros que vai acontecer durante os seis meses da Expo”, em coordenação com os serviços de migrações do emirado e com a linha aérea Emirates.

“Vai ser também uma mostra aos passageiros” que chegarem ao Dubai de que o sistema que os recebe e processa “automaticamente é de uma empresa portuguesa”, refere o responsável.

A Vision-Box opera nos dois aeroportos do Dubai.

E, “obviamente, a participação de Portugal nesta Expo é muito importante para as empresas portuguesas”, isto porque o “Médio Oriente é um mercado muito importante e talvez não explorado de forma sólida por empresas portuguesas”, sublinha.

O potencial “é muito elevado” e “há uma série de desafios, nomeadamente o tempo que se demora a fechar um negócio ou um projeto, há as questões culturais, mas é sem dúvida um mercado onde as empresas portuguesas deviam apostar e acho que têm uma oportunidade com a Expo 2020”, ao visitá-la e conhecer o Dubai “e estabelecer alguns contactos de negócios nessas viagens”, refere Pedro Pinto.

A Vision-Box, que não revela o peso do Dubai no seu negócio, começou por explorar o mercado do Médio Oriente em 2012.

“Tivemos a primeira experiência no Médio Oriente no Qatar, com um projeto de controlo automático de fronteiras em 2013” e no ano seguinte “decidimos investir aqui na zona”, com a abertura de uma subsidiária da Vision-Box no Dubai, em dezembro de 2014, conta.

“Desde essa altura, estamos a olhar para a região do Gulf Corporation Council (GCC)” e nesta “o Dubai, capital financeira da região e também o país mais inovador, portanto, fez todo o sentido ser aqui que abrimos a nossa subsidiária e a partir daqui fazermos expansão para os países limítrofes”, refere o responsável.

A Vision-Box torna “o processo do passageiro no aeroporto mais simples, mais fácil, mais rápido e mais seguro”, sintetiza.

“Desmaterializamos a troca de documentos entre o passageiro e as autoridades, sejam as autoridades de controlo de fronteiras, sejam as companhias aéreas e isso permite que o passageiro faça o processo de forma mais segura, mais simples, mais conveniente, usando a biometria, na maioria dos casos usando o reconhecimento facial”, explica Pedro Pinto.

Simplificando, “a maior parte dos passageiros que utilizam o aeroporto de Lisboa, quando entram ou chegam fora da zona da União Europeia podem utilizar as ‘gates’ [portas] de controlo automático de fronteiras com o passaporte eletrónico para fazer” em segundos o processo de controlo migratório.

Por outro lado, “e foi por aí que a empresa começou, desenvolvemos também soluções de captura de dados biométricos, ou seja, quando um cidadão quer fazer uma aplicação ou renovar o seu passaporte eletrónico ou o seu cartão do cidadão, os equipamentos que recolhem e fazem o processamento dessa biometria também fazem parte do portfólio de produtos que a Vision-Box tem”, refere.

“Quando um passageiro interage com um dos nossos sistemas espalhados pelo mundo no aeroporto, a Vision-Box processa esses dados, não faz retenção desses dados”, os quais “são depois enviados para as autoridades competentes, seja a polícia de fronteira, a emigração, seja a companhia aérea”, explica.

Sobre a proteção de dados (RGPD), Pedro Pinto conta que através de uma parceria com a Deloitte e a universidade canadiana Ryerson, que tem um departamento específico sobre ‘privacy by design’ [que protege os direitos dos utilizadores desde a sua conceção], certificou a sua plataforma de tratamento de dados.

“Fomos a primeira empresa e, aliás, ainda somos a única empresa que tem uma plataforma de ‘software’ de gestão de identidade que é certificada pelos sete princípios de ‘privacy by design'”, salienta.

Isto significa que em todas as soluções da Vision-Box “o passageiro é informado que dados vão ser recolhidos, qual é que o objetivo da recolha desses dados, por quanto tempo esses dados vão ser guardados, como é que o passageiro pode ter acesso ou requerer que esses dados sejam apagados, e depois o passageiro pode ou não – porque estes processos não são obrigatórios – participar nestes programas e tem total controlo dos seus dados”.

A Vision-Box tem três tipos de clientes: aeroportos, companhias aéreas e serviços de emigração.

“No caso do Dubai, por uma coincidência feliz, temos como cliente a emigração no Dubai no processo de controlo automático de passageiros, onde nós estamos aqui desde 2015 com 123 ‘gates’ de controlo automático de fronteiras em três terminais, e depois temos também como nosso cliente a Emirates, que é a maior linha aérea da região e uma das maiores do mundo, onde precisamente a nossa parte é recolher os dados biométricos e identificar o passageiro nos diversos processos do aeroporto, sem que o passageiro tenha que interagir ou dar os seus documentos”, refere.

“Este processo foi acelerado, não só aqui no Dubai, mas a nível global, com a necessidade de ter processos em que não há contacto ou troca de documentos entre os viajantes e o ‘staff’ para minimizar os riscos de contágio de covid”, acrescenta.

“Uma parte dos nossos clientes são linhas aéreas e aeroportos” e, portanto, “houve um impacto grande nessa área”, mas “como estávamos a liderar um mercado na tecnologia ‘contactless’, ou seja, evitar que as pessoas tenham que contactar com objetos ou com outras pessoas durante o processo de aeroporto, a maior parte dos nossos clientes acelerou os projetos de transformação digital que tinham precisamente para dar às pessoas confiança que podem viajar”, prossegue.

“Ganhar confiança novamente na indústria de aviação é fundamental para que os aeroportos, as linhas aéreas, o turismo e os empregos se mantenham”, defende.

“Reconhecemos que houve um impacto grande nos nossos clientes que impactou em alguns casos a disponibilidade financeira” que tinham para avançar nos contratos, “mas por outro lado os processos de transformação digital que até agora estavam a ser vistos como projetos para os próximos 24 ou 48 meses aceleraram como forma de combater a pandemia e dar novamente confiança aos passageiros”.

A Vision-Box está presente em 35 países e tem 11 subsidiárias.

Pedro Pinto manifesta-se contente com a presença da empresa no Dubai e conta que os próximos passos da tecnológica passem pela continuação da digitalização dos aeroportos e utilização da biometria, nomeadamente com a criação de identidades digitais que as pessoas possam usar, por exemplo, quando fazem ‘check-in’ num hotel ou em qualquer processo em que a pessoa precisa de provar quem diz ser.

O responsável acredita que o passaporte digital poderá ser uma realidade a breve trecho, por exemplo, tê-lo no telemóvel, tal como os certificados de saúde digitais.

LUSA/HN

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