Utentes de centro de Saúde de Sintra realizam vigília contra encerramento provisório

20 de Novembro 2021

Utentes do Centro de Saúde de Colares, no concelho de Sintra, vão realizar no sábado uma vigília para contestar o encerramento provisório do equipamento, que está a ser alvo de obras de ampliação, foi hoje divulgado.

A vigília é promovida por um grupo de utentes e vai decorrer na noite de sábado entre as 21:00 e as 00:00 no Largo António Rodrigues Caruna, junto ao Centro de Saúde de Colares.

Em declarações à agência Lusa, Sónia Firmino, uma das promotoras deste protesto, explicou que os utentes foram surpreendidos em 24 de outubro com o “fecho abrupto do Centro de Saúde de Colares e com a sua deslocalização para a freguesia vizinha de Algueirão – Mem Martins, enquanto decorrem obras de ampliação do equipamento.

“A população ficou a saber através do Facebook, por uma publicação de alguém que tirou uma foto a um aviso colocado na porta do centro. Desde 24 de outubro estamos privados dos cuidados de saúde básicos aqui na freguesia”, queixou-se.

Sónia Firmino sublinhou que a maior indignação dos utentes advém do facto de “as autoridades competentes não terem comunicado atempadamente que iriam proceder ao encerramento provisório do Centro de Saúde e deslocalizá-los para outra freguesia.

“Com os canais de informação e comunicação, que todas aquelas entidades têm e dinamizam, não é aceitável que não tenham respeitado o direito à informação. Mais de 60% dos utentes inscritos apresentam uma dependência total”, apontou.

A utente criticou, igualmente, a alternativa apresentada e acusou o Agrupamento de Centro de Saúdes (ACES) de Sintra e a Câmara Municipal de Sintra, promotora da obra, de não terem “sido sensíveis aos constrangimentos” decorrentes do encerramento.

“Nem o ACES Sintra, nem o promotor da obra, nem a Junta de Freguesia de Colares foram sensíveis à procura de uma solução conjunta e digna. Não é aceitável que não tenha sido possível encontrar uma solução de atendimento clínico num espaço já existente ou numa estrutura móvel que pudesse ser temporariamente fixada em espaço pensado para manter o atendimento clínico público na área geográfica da freguesia de Colares durante o período de obras”, argumentou.

Contactada pela Lusa, fonte da Câmara Municipal de Sintra explicou que “o encerramento temporário é essencial para a execução da obra” e que a autarquia estima que, “até ao final do ano, haja condições para que o Centro de Saúde de Colares volte a funcionar com normalidade”.

“Perante este encerramento temporário, essencial para a execução da obra, a Câmara Municipal de Sintra, em articulação com a Junta de Freguesia de Colares e a autoridade local de Saúde, procedeu à instalação de um posto de atendimento na sede da Junta para marcação de consultas e assegura o transporte de utentes para o edifício onde ocorrem os atendimentos, até ao final do corrente ano”, indica a autarquia.

A Câmara Municipal de Sintra refere ainda que as autoridades de saúde disponibilizaram contactos telefónicos personalizados, através dos quais poderão ser “devidamente avaliadas e identificadas as necessidades e a situação de cada utente”.

Também serão mantidas as consultas domiciliárias médicas e as visitas de enfermagem que “estejam ou possam vir a ser programadas”.

As obras no Centro de Saúde de Colares, que serve cerca de 7.000 utentes, representam um investimento superior a 200 mil euros e prevê a construção de mais quatro gabinetes, dois de atendimento médico e dois de enfermagem, a ampliação da sala de espera e a melhoria do estacionamento.

A autarquia estima que todas as obras estejam concluídas no início de fevereiro de 2022.

Por seu turno, numa resposta escrita enviada à Lusa, fonte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) explica que o encerramento provisório do edifício foi decidido como forma de “proteção de utentes e profissionais”, prevendo a reabertura durante o mês de janeiro do próximo ano.

“Assim, e tendo em conta a limitação logística na montagem de instalações e no estabelecimento de redes informáticas seguras necessárias à prestação de cuidados de saúde, foi decidido, em acordo com a Câmara Municipal de Sintra e a Junta de Freguesia de Colares, a deslocalização provisória da Unidade Saúde Familiar (USF) Colares para as instalações do novo edifício do Centro de Saúde de Algueirão/Mem-Martins, garantindo de um modo rápido e eficiente a instalação dos profissionais e a continuidade da prestação de cuidados médicos aos utentes”, justifica a ARSLVT.

A entidade sublinha ainda que a intervenção no edifício do Centro de Saúde de Colares vai trazer a “melhoria da segurança e das condições de higienização, assim como conforto no atendimento aos utentes”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Maioria dos médicos já atingiu as 150 horas extras nas urgências

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) avançou esta sexta-feira que a esmagadora maioria dos médicos que faz urgência já atingiu as 150 horas extraordinárias obrigatórias, reclamando “respostas rápidas”, porque “já pouco falta para o verão” e as urgências continuam caóticas.

Ordem convida URIPSSA e URMA para debater situação dos enfermeiros das IPSS

A Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros (SRRAAOE) formalizou esta semana um convite no sentido de requerer uma reunião conjunta entre a Ordem dos Enfermeiros, a União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores e a União Regional das Misericórdias dos Açores.

SIM diz que protocolo negocial com tutela será assinado em maio

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou esta sexta-feira que o protocolo para iniciar as negociações com o Governo será assinado em maio, esperando que ainda este ano se concretize um calendário de melhoria das condições de trabalho dos médicos.

Victor Ramos: SNS precisa de uma “equipa de pilotagem”

O Serviço Nacional de Saúde precisa de um órgão de coordenação técnica e estratégica que não se confunda com a equipa política, defende o anterior presidente da Fundação para a Saúde, Victor Ramos. Trata-se de uma equipa de pilotagem de um serviço extremamente complexo, “muito necessária para evitar os ziguezagues, sobretudo descontinuidades e perdas de memória”.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights