Associação da Guiné-Bissau apoiou 209 crianças em risco em 2021

29 de Janeiro 2022

A Associação Amigos da Criança da Guiné-Bissau (AMIC) ajudou no ano passado 209 crianças e jovens em situação de risco, um número elevado devido à pandemia, mas também porque os cidadãos estão a denunciar mais casos de maus-tratos.

“Tivemos um número elevado de crianças acolhidas aqui no centro. No ano de 2021, a AMIC acolheu um total de 209 casos”, afirmou à Lusa Fernando Cá, administrador da AMIC, uma organização não-governamental guineense que tem dois centros de acolhimento para crianças e jovens em risco.

Segundo Fernando Cá, as crianças acolhidas no ano passado foram vítimas de casamento forçado, violência sexual, incesto, abandono pelos próprios pais, crianças talibés e também jovens mulheres vítimas de violência doméstica.

“Isto é para mostrar que realmente a pandemia provocou uma situação difícil. O nível da pobreza aumentou”, disse.

Para Fernando Cá, o número de casos apoiados pela associação também aumentou porque os cidadãos guineenses estão a fazer mais denúncias junto das autoridades.

“A Polícia Judiciária atua imediatamente. O nosso trabalho com a polícia é extraordinário, mas houve também um ganhar de consciência do povo cidadão. Antes estas coisas aconteciam e ninguém ligava”, disse.

As denúncias feitas à AMIC ou à Polícia Judiciária são anónimas e o nome da pessoa que denunciou nunca é revelado.

“Isso permitiu chegar a estes números. A população ganhou consciência de que o mal deve ser denunciado. Agora é o contrário e agradeço esse ganhar de consciência e que seja reforçada para desmantelarmos estas situações que acontecem às crianças. Temos um maior número de pessoas, mas o virar de consciência dos cidadãos contribuiu muito”, salientou.

A AMIC não é apoiada pelo Estado guineense desde 2017, com exceção de um donativo feito no ano passado com 50 sacos de arroz e algumas caixas de óleo e está de braços abertos para receber apoio alimentar e de produtos de higiene e limpeza.

“Em outros Estados, há centros próprios para acolher vítimas, mas na Guiné-Bissau, infelizmente, não há. O único centro que acolhe este tipo de vítimas são os centros da AMIC”, salientou Fernando Cá.

A associação recebe as crianças, mas estas não ficam em permanência nos centros de acolhimento. É feito um trabalho de reintegração na família num processo que é sempre acompanhado pela AMIC.

Em relação ao Estado guineense, Fernando Cá critica essencialmente o trabalho no setor da Educação, alertando para o aumento da delinquência juvenil.

LUSA/HN

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