Autocarro é clínica que aproxima médicos especialistas das populações do Norte

12 de Março 2022

Aos 72 anos, Arminda Ribeiro sobe as escadas do autocarro transformado numa clínica móvel, e que uma vez por semana estaciona em Vila Real, para ver se o “senhor doutor” lhe “põe os ossos direitinhos”.

Arminda vive em Alijó e é uma das pacientes da unidade móvel da Clínica Espregueira, que tem sede no Porto. Semanalmente o autocarro desloca-se às cidades de Aveiro, Águeda, Amarante, Chaves, Oliveira de Azeméis, Ponte de Lima e Viana do Castelo. Em Vila Real estaciona às quartas-feiras.

“Estou a ver se o senhor doutor me põe os meus ossos direitinhos. Tenho para aqui problemas e trago os exames que o senhor doutor vai ver”, afirma à agência Lusa a septuagenária.

Quando soube que a clínica móvel se deslocava a Vila Real, não necessitando de ir ao Porto, Arminda Ribeiro não hesitou. “É muito mais perto, não andamos tantos quilómetros e aqui, assim, é mais fácil”, afirma.

Arminda está acompanhada da sobrinha Ana Sofia Neto, 45 anos, que já foi tratada na clínica, no Porto.

“Achei que para a minha tia era a solução ideal. Os hospitais públicos são o que são e viemos diretamente para aqui. Ela tem problemas de joelhos e nos ombros já há alguns anos e agora chegou ao limite. A canadiana é relativamente recente na vida da minha tia, mas agora chegou a um ponto que tem mesmo de ser, não dá para adiar mais”, conta.

Ana Sofia Neto considera ainda que, dentro do autocarro, encontram “todas as comodidades” de uma clínica fixa.

Trata-se da primeira unidade móvel com foco no sistema locomotor, especializada no diagnóstico e tratamento de artroses e lesões das articulações, que afetam milhares de pessoas pelo desgaste da idade ou por um trauma, e que percorre o Norte há dois anos.

O médico Pedro Prata salienta que a “aposta é numa medicina de proximidade” junto das populações do Interior de Portugal, classificando o projeto como “inovador”.

“E, muitas vezes, conseguimos aqui adiar ou até mesmo evitar cirurgias que são procedimentos muito mais invasivos”, afirma à Lusa.

Explica que os serviços médicos prestados são “especialmente do foro musculoesquelético, do aparelho locomotor” e são realizados “tratamentos ortobiológicos, com protocolos únicos”, fruto da investigação da clínica, que têm como objetivo “diminuir a dor crónica, a dor basal e, consequentemente, “dar qualidade de vida ao doente”.

Na unidade é ainda possível fazer consultas “tripartidas” com o doente, o médico assistente e um especialista, que participa ‘online’.

Uma modalidade que, segundo Pedro Prata, permite ao doente do Interior o acesso a médicos especialistas de “diferentes áreas da medicina” desde dermatologia, ortopedia ou pneumologia.

Neste momento, através de uma campanha em curso, a primeira consulta é gratuita. A clínica tem acordos com vários sistemas e subsistemas de saúde.

À unidade móvel estão afetos três médicos, dois enfermeiros e um administrativo que é também o motorista do autocarro.

Depois de subir as escadas de acesso ao veículo, há uma receção onde Carlos Pereira recebe os pacientes e onde estes aguardam as consultas.

“É aqui que se faz o rastreio para os médicos e enfermagem e, ao mesmo tempo, acaba por se fazer aquela parte mais psicológica, que é conversar com os doentes, ver quais são os seus problemas que, muitas das vezes, vão além da ortopedia. Este acaba por ser diferente dos espaços grandes e propicia um contacto mais direto com os doentes”, refere Carlos Pereira.

A clínica tem dois consultórios médicos e um gabinete onde são feitos os tratamentos.

Em Vila Real, foram atendidos 52 doentes em janeiro e 19 em fevereiro. A patologia mais frequente está relacionada com os joelhos.

A diretora operacional da clínica móvel, Daniela Guerra, referiu que “o objetivo é a expansão tanto de unidade físicas como de unidades móveis”.

“Na totalidade vamos ter oito unidades móveis pelo país”, afirma.

Uma segunda unidade deverá estar operacional no início de abril, cobrindo outras localidades do Norte.

Até 2025, entrarão em funcionamento mais duas unidades por ano, até um total de oito, cobrindo um total de 40 cidades. O investimento previsto é de 3,3 milhões de euros.

LUSA/HN

1 Comment

  1. helia maria nunes alves

    sofro mto dos ossos tenho artrose e tendinite. ja não mexo o braço direito. gostaria de consultar .
    com
    o faço.
    sou de mirandela.

    helia.alves@outlook.pt

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