Em março deste ano, havia mais 3.804 profissionais de saúde no SNS face a dezembro de 2021, dos quais 2.134 são médicos. Entre estes, 1.752 são internos e 352 especialistas, disse Marta Temido na audição parlamentar no âmbito da apreciação da proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que está a decorrer na Assembleia da República.
A este propósito, a secretária de Estado da Saúde, Maria de Fátima Fonseca, anunciou que as vagas para médicos em zonas carenciadas vão aumentar 10% este ano.
O impacto da falta de médicos especialistas foi levantado por vários deputados e Rui Cristina, do PSD, deu exemplos do que se está a passar nalguns hospitais em termos de listas de espera.
No Hospital de Faro, os utentes têm de esperar um ano por uma consulta de cardiologia e mais dois anos por uma consulta de pneumologia.
Em Portimão (Algarve), uma consulta de oftalmologia leva 1.059 dias a realizar-se e no Hospital Garcia da Orta, em Almada, o tempo de espera nas consultas para diversas especialidades rondam um ano, como sucede na cirurgia geral ou na consulta de urologia, disse o deputado, sublinhando que estes dados são deste ano.
“Pode o Governo também dizer que está tudo bem a uma pessoa que espera quatro vezes mais do que o tempo máximo de resposta garantido para uma cirurgia prioritária de cardiologia geral, como acontece no Hospital de Abrantes”, questionou Rui Cristina.
No caso das cirurgias de prioridade normal, os prazos também são “totalmente inaceitáveis”, considerou, adiantando que são 409 dias de espera para cirurgia pediátrica no Hospital Dona Estefânia e 659 dias para cirurgia vascular no Hospital de Santarém.
Em resposta, Marta Temido afirmou que estas questões são importantes e que preocupam, mas sublinhou que “este facto não se deve ainda à inação do Governo, na medida em que todos os médicos que tiveram a especialidade foram médicos a quem o Ministério da Saúde propôs um contrato”.
Relativamente aos médicos de família, Marta Temido disse que, apesar de 1,3 milhões de utentes não terem médico atribuído, há mais cerca 800 médicos de Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde, entre 2015 e março de 2022, passando de 5.138 para 5.932.
Por outro lado, salientou, “temos ainda mais aposentados em funções de Medicina Geral e Familiar. Eram 125, hoje são 210”.
“Temos um número de aposentações que tem sido significativo e que, de acordo com aquilo que é a evolução da demografia médica, só no ano de 2024 se inverterá”, adiantou.
Contudo, salientou a ministra, “apesar das pessoas não terem médico de família”, em 2021, foram realizadas 2 milhões as consultas médicas feitas nos cuidados de saúde primários a utentes sem médico de família.
Dirigindo-se a Rui Cristina, a ministra afirmou: “Neste tema, o que interessa é, obviamente, resolver o problema dos portugueses e que não estamos presos a teias ideológicas”.
LUSA/HN
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