Urgências de Ginecologia, Obstetrícia e Ortotraumatologia de Almada retomam funcionamento normal

9 de Junho 2022

O atendimento urgente de Ginecologia e Obstetrícia e de Ortotraumatologia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, retomou o seu funcionamento normal após um encerramento temporário, referiu hoje à Lusa a unidade hospitalar.

O Hospital Garcia de Orta (HGO) esteve sem atendimento urgente de ginecologia e obstetrícia durante o dia de quarta-feira e as 08:30 de hoje e de ortotraumatologia até às 20:00 de quarta-feira.

Segundo o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, este é um problema recorrente naquela unidade hospitalar por falta de médicos para assegurar os serviços de urgência.

Numa resposta à agência Lusa na quarta-feira, o conselho de administração reconheceu que a unidade hospitalar tem atualmente uma escassez de médicos especialistas em Ortotraumatologia e Ginecologia e Obstetrícia e que qualquer imprevisto que impossibilite um dos profissionais de se apresentar ao serviço condiciona o normal funcionamento da urgência dessas especialidades.

O HGO serve atualmente uma população estimada em cerca de 350 mil habitantes de Almada e Seixal, concelhos do distrito de Setúbal.

Na quarta-feira, o Sindicato Independente dos Médicos divulgou uma missiva assinada por 60 médicos – entre chefes de equipa, especialistas e internos do serviço de urgência do hospital – a denunciar as condições do serviço na resposta à população, na qual referem que, face à degradação da situação “e o risco de erro médico aumentado”, os clínicos têm apresentado minutas de escusa de responsabilidade.

Os médicos referiram que “a situação que se vive no Serviço de Urgência nos últimos dias está a ultrapassar os limites do imaginável e a esgotar os profissionais de saúde a todos os níveis”, e que não têm obtido qualquer resposta dos superiores, com os quais, afirmam, têm comunicado via email nos dias em que estão de urgência através de descrições curtas e objetivas da situação e de escusas de responsabilidade.

Na missiva, os clínicos afirmavam ser urgente uma resposta e um plano, admitindo que estão no limite “de tudo o que é razoável”.

“A nossa capacidade para tolerar esta situação termina agora. Não queremos compactuar com esta situação e, como tal, transferimos desde já a responsabilidade para o conselho de administração”, frisaram.

Questionada pela Lusa, a administração referiu que se encontra em permanente diálogo com as Direções dos Serviços de Urgência e de Medicina Interna e com a Equipa de Gestão de Camas.

“A elevada afluência registada nas últimas semanas aos Serviços de Urgência tem condicionado a fluidez no atendimento dos nossos utentes e exigido muito dos nossos profissionais de saúde”, explicou o hospital, adiantando que, “para amenizar a atual situação, tem sido feito um árduo trabalho de reorganização, por forma a potenciar a deslocação de doentes do Serviço de Urgência Geral para enfermarias”.

O conselho de administração (CA) assegurou que “estão a ser encetadas todas as diligências para reforçar as equipas médicas e de enfermagem, não havendo restrições à contratação”.

“O CA do HGO reforça a sua disponibilidade para dialogar e, em conjunto, tentar encontrar novas alternativas que possam melhor satisfazer tanto os nossos utentes como todos os profissionais de saúde, a quem reconhecemos e agradecemos esforço, empenho e dedicação, neste período particularmente difícil”, salientou.

Os médicos alertaram ainda que há uma “franca incapacidade de administração terapêutica a tempo e horas aos doentes”, um problema que já existia, mas que agora, garantem, se agravou “de forma absurda e gravíssima ao ponto de muitas vezes chegarem já tarde demais ao tratamento seguro e eficaz de muitos doentes”.

“Se pudéssemos enumerar todos os problemas fundamentais (falhas na escala de outras especialidades, chegando à ausência completa de urgência de Ginecologia e Ortopedia numa urgência polivalente), alongar-nos-íamos demasiado nesta exposição e, na verdade, consideramos que já o fizemos por vezes sem conta e houve mais que tempo e oportunidades de tentar, pelo menos, corrigir algumas situações”, salientaram.

LUSA/HN

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