A Orquestra Médica Ibérica (OMI) é um projeto pioneiro em Portugal e Espanha, que pretende “fazer música em prol de boas causas e juntar médicos, não só pela sua paixão pela ciência, mas também pela arte e pela música”, disse à agência Lusa o violinista e maestro Sebastião Martins.
Estes médicos têm em comum o amor à arte, à medicina, mas também a necessidade de “um espaço onde se possa fazer alguma catarse e alguma evasão da sobrecarga de trabalho”, indicou.
“É preciso ter um balanço entre a vida profissional e pessoal o mais equilibrado possível, e a música aí tem especial importância pela forma como, de alguma maneira, podemos esquecer, durante os ensaios ou quando estamos a tocar, alguns outros problemas que nos invadem, fruto da nossa profissão”, acrescentou.
Uma serenidade que adquire uma relevante importância num “período especialmente conturbado pela elevada carga de trabalho”, como a que atravessam os médicos em Portugal, mas também em Espanha.
Afeta-os, nomeadamente, o trabalho acrescido para tentar “algumas falhas que ficaram, fruto da pandemia”, mas também a “pressão excessiva” para produzir “resultados, com cada vez menos recursos”.
“A música e a arte são uma forma de, da melhor maneira possível, tentarmos esquecer um pouco esses problemas e criar médicos mais motivados no seu local de trabalho, pois sabem que também têm outra vida fora do local de trabalho, fora da medicina, que é cada vez mais importante”, adiantou o clínico e músico.
E adiantou: “Seja na medicina, como noutras áreas – mas a medicina é uma área que facilmente nos invade, porque lidamos com a vulnerabilidade e a fragilidade todos os dias -, é importante ter outro espaço de libertação e criação artística e é hoje cada vez mais essencial que assim seja para termos médicos mais felizes, mais capazes e mais humanos e mais motivados no seu local de trabalho”.
O grupo projeta juntar-se uma vez por ano e realiza “um concerto solidário, cujas verbas revertam inteiramente a favor de associações e organizações que trabalhem pela melhoria da prestação de cuidados de saúde às pessoas mais vulneráveis”.
O primeiro concerto realiza-se no dia 11 de setembro, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, e a receita da bilheteira reverte inteiramente a favor da Associação Portuguesa Contra a Leucemia.
Sem bata nem estetoscópio, os 70 clínicos sobem ao palco para interpretarem obras de Antonin Dvorák, Eurico Carrapatoso e Manuel de Falla, dirigidos pelo maestro e médico Sebastião Castanheira Martins.
LUSA/HN
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