Em comunicado, a FMUP adianta hoje que os investigadores estão a explorar uma nova “perspetiva” – uma classe de proteínas designadas SIKs – para a hipertensão arterial pulmonar, doença crónica rara que afeta primariamente as artérias pulmonares de pequeno calibre, provocando um aumento da pressão pulmonar.
A doença “acarreta um esforço acrescido por parte do ventrículo direito, culminando em casos de insuficiência cardíaca e morte”, salientam, citados no comunicado, os autores do estudo.
Estima-se que a hipertensão arterial pulmonar afete cerca de 300 pessoas em Portugal, ainda que os investigadores considerem que o número é “claramente inferior ao real”, dado o difícil diagnóstico e falta de sintomatologia específica associada à doença.
A “nova perspetiva” para esta doença “ainda pouco conhecida” está a ser explorada pela investigadora Tatiana António, uma vez que as “opções terapêuticas atuais são muito limitadas” e a taxa de sobrevivência a cinco anos da doença se situa nos 65%.
“As SIKs são uma família de três enzimas que participam em múltiplas vias de sinalização e que se mostraram relevantes por regularem uma variedade de processos celulares em doenças como a asma, a diabetes, as doenças inflamatórias intestinais e o cancro”, salienta Tatiana António, que está a desenvolver a investigação no âmbito do projeto de doutoramento.
As características partilhadas entre estas doenças e a hipertensão arterial pulmonar levaram a equipa de investigadores a propor que “o papel e relevância terapêutica das SIKs se possa também estender a esta doença rara dos pulmões”, hipótese que foi recebida com “agrado” pela comunidade científica, em particular, na publicação do primeiro artigo na revista ‘Trends in Pharmacological Sciences’.
“Para já, este artigo preenche uma importante lacuna de conhecimentos e pode, inclusivamente, estimular novas investigações nos domínios das SIKs e da hipertensão arterial pulmonar, abrindo um novo leque de opções de tratamento para esta doença incurável”, adianta Pedro Gomes, professor da FMUP e coordenador da investigação.
Os resultados já obtidos demonstram que a supressão de pelo menos uma das isoformas [designação atribuída a cada uma das distintas formas da mesma proteína] da SIK – a SKI1 – conduz à “hipertrofia pulmonar num modelo experimental”.
Tal, esclarece a investigadora, revela que “a SKI1 deverá ter um papel de regulação do crescimento e proliferação celular”.
Tatiana António salienta ainda ser “urgente” encontrar novos alvos terapêuticos que permitam “limitar a vasoconstrição, a inflamação e as alterações vasculares que se verificam ao nível pulmonar”.
O artigo publicado na revista científica contou ainda com a colaboração de Patrício Soares da Silva, da FMUP, e de Nuno Pires, da BIAL.
NR/HN/LUSA
0 Comments