De acordo com uma nota de imprensa enviada à agência Lusa, o trabalho científico da autoria de Inês Araújo, investigadora e docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC), concluiu que “os indivíduos que apresentam sintomas antes da cirurgia podem piorar após a intervenção, enquanto aqueles que não relatam sintomas prévios revelam melhorias no equilíbrio após a colocação de implante coclear”.
Segundo a nota, o implante coclear é uma opção terapêutica para reabilitar indivíduos com perda auditiva, que não beneficiam do uso de aparelhos auditivos convencionais. “Este implante estimula diretamente o nervo auditivo, com o objetivo de proporcionar sensação auditiva e compreensão da fala”, adianta.
A investigação, denominada “Os Efeitos da Cirurgia de Implante Coclear no Sistema Vestibular e no Equilíbrio Postural” foi lançada na quarta-feira num livro da coleção
“Ciência, Saúde e Inovação – Teses de Doutoramento”, editada pela ESTeSC-IPC, e permitiu “confirmar que as pessoas que vivem com perda auditiva severa a profunda têm maior probabilidade de ter problemas de equilíbrio/vertigem”.
“A maioria dos candidatos à realização de implante coclear apresentou um comprometimento da função vestibular e um défice no desempenho no equilíbrio postural”, frisou Inês Araújo, vincando que “a perda auditiva de grau profundo está associada a um comprometimento da função vestibular”.
Acrescentou que a realização de cirurgia de implante coclear tem impacto na função vestibular, “com consequências distintas consoante a sintomatologia prévia dos indivíduos”, sendo que os doentes que já apresentavam alterações no sistema vestibular antes da cirurgia “podem piorar após a intervenção cirúrgica”;
“Já os indivíduos que não apresentam sintomas de vertigem antes da cirurgia revelam melhorias no equilíbrio após a colocação de implante coclear”.
No entanto, a realização de reabilitação vestibular iniciada duas semanas após a cirurgia “ajudou a melhorar o desempenho do equilíbrio postural e a qualidade de vida dos indivíduos, o que sugere que esta terapia acelera os mecanismos relacionados com a compensação vestibular”.
O facto de os indivíduos que não apresentavam sintomas vestibulares terem melhorado o seu equilíbrio postural após a cirurgia indica, por sua vez, “que o processo de compensação vestibular se inicia logo após a ativação do implante coclear”, explicou Inês Araújo.
A investigação foi realizada no âmbito da tese de doutoramento da docente da ESTeSC-IPC, apresentada à Universidade de Coimbra, e resultou da realização de três estudos, dois deles aplicados a uma amostra de indivíduos, de ambos os sexos, “com perda auditiva bilateral severa a profunda, submetidos à cirurgia de implante coclear unilateral”.
O terceiro estudo foi realizado com uma amostra de pessoas que apresentavam sintomas vestibulares com duração superior a duas semanas após a intervenção cirúrgica, refere a nota.
LUSA/HN
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