“O desempenho de Cabo Verde no âmbito do programa é forte. A economia recuperou fortemente em 2022, crescendo 17,7%”, reconhece o conselho de administração do FMI no comunicado em que anuncia a aprovação desta segunda avaliação, que desbloqueia a terceira tranche ao abrigo do programa de Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês), a 36 meses.
Aponta igualmente que Cabo Verde “continua vulnerável a choques externos e perturbações relacionadas com o clima e os ganhos significativos alcançados até agora precisam de ser sustentados a médio prazo”, de forma a “salvaguardar a estabilidade económica, criar resiliência e promover o crescimento inclusivo”.
Ao aprovar esta segunda avaliação, que corresponde à terceira tranche – de seis milhões de dólares (5,5 milhões de euros) – do apoio financeiro a Cabo Verde, eleva-se a 36,23 milhões de dólares (33,2 milhões de euros) o valor já concedido ao arquipélago pelo FMI ao abrigo deste programa ECF, assinado em 15 de junho de 2022 e que prevê um apoio financeiro total de 60 milhões de dólares (55 milhões de euros).
Citada no mesmo comunicado, Antoinette Sayeh, vice-diretora administrativa e presidente interina do FMI, reconhece que a “economia de Cabo Verde recuperou fortemente em 2022” e que “as perspetivas de curto prazo são favoráveis, apesar de alguns riscos negativos”.
“A inflação aumentou devido aos efeitos em cascata da guerra da Rússia contra a Ucrânia, nos custos de alimentos, combustível e transporte”, refere.
Acrescenta que os riscos para as perspetivas “permanecem significativos, incluindo a potencial menor demanda externa dos principais mercados de turismo, a fraca implementação de reformas nas empresas públicas e os choques das mudanças climáticas”.
Defende igualmente que as reformas ao nível da política fiscal no arquipélago visam “garantir um equilíbrio adequado entre uma consolidação fiscal favorável ao crescimento, preservar a sustentabilidade da dívida”, bem como “proteger os vulneráveis e investir no crescimento futuro”.
“Será importante manter os progressos na mobilização de receitas internas, simplificar as isenções fiscais, aumentar a eficácia dos projetos de investimento público e continuar a melhorar a gestão da dívida. A reforma das empresas públicas também é fundamental para reduzir os riscos fiscais”, alerta Antoinette Sayeh, na mesma mensagem.
As autoridades cabo-verdianas “são incentivadas a continuar com sua ambiciosa agenda de reformas estruturais”, de forma a adaptar o país “aos desafios impostos pelas mudanças climáticas, reduzir o custo dos negócios, fortalecer as redes de segurança social e acelerar as reformas das empresas públicas”, apontou.
No mesmo comunicado, o FMI mantém as previsões apresentadas em 09 de maio, na conclusão da visita da missão ao arquipélago, no âmbito desta segunda avaliação do programa, de crescimento do PIB de Cabo Verde em 4,4% em 2023 e uma inflação de 5,2%.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.
LUSA/HN
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