Cabo Verde quer envolver famílias e elevar a voz do doente nos cuidados paliativos

2 de Setembro 2023

O Hospital Universitário Agostinho Neto, na cidade da Praia, fez cerca de 400 consultas de cuidados paliativos no primeiro semestre e quer envolver as famílias e “elevar” a voz dos doentes nos tratamentos, disseram hoje fontes oficiais.

“Queremos o envolvimento da família e do doente nos cuidados, quer dizer, elevar a voz do doente para torná-lo num ator mais ativo nos cuidados, para sua segurança”, disse à Lusa a coordenadora do Programa Nacional da Segurança do Doentes e dos Trabalhadores da Saúde de Cabo Verde, Edith Lopes da Silva.

A responsável falava na cidade da Praia, à margem de um ‘webinar’ sobre o envolvimento do doente e da família nos cuidados paliativos, referindo que se trata de um lema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para este ano, para preconizar o objetivo da estratégia mundial no Horizonte 2021-2030 que é a segurança do doente.

No caso de Cabo Verde, disse que a estratégia para envolver as famílias vai passar pela realização de várias atividades, a começar por esta reunião dos profissionais de saúde, que vai repetir-se todas as sextas-feiras neste mês, com temas diferentes.

“O objetivo é sensibilizar a família sobre a sua importância no envolvimento nos cuidados, de forma a ter essa dignidade durante a prestação de cuidados”, frisou.

Nas próximas sextas-feiras, o evento vai debruçar-se sobre segurança dos medicamentos, segurança nos cuidados, o sistema digital, a segurança do doente e o ambiente do trabalho.

“Porquê? Porque os profissionais de saúde, para tratar nos doentes, para cuidar dos doentes, têm de estar emocionalmente bem, de acordo com as condições no ambiente de trabalho”, afirmou a coordenadora.

Por sua vez, a coordenador do Plano Nacional de Cuidados Paliativos, Valéria Semedo, notou que se trata de serviços relativamente novos e ainda há muitas pessoas que precisam e que não têm acesso aos cuidados paliativos a nível mundial.

As estatísticas apontam que cerca de 80% das pessoas que precisam não têm acesso aos cuidados paliativos, e em Cabo Verde “não será muito diferente”, notou.

A responsável avançou que no primeiro semestre o Hospital Agostinho Neto, na Praia, realizou cerca de 400 consultas de cuidados paliativos, em que mais de 90% dos doentes são referenciados pelo serviço de oncologia.

“Os cuidados paliativos são bem mais amplos, mas talvez por isto ainda a maior parte das pessoas que temos em cuidados paliativos são os doentes oncológicos”, sublinhou, esperando acabar com os “muitos mitos” que ainda existem em relação aos cuidados paliativos.

Para Valéria Semedo, o grande desafio é garantir o acesso desses cuidados terminais em todo o território de Cabo Verde, contando, para isso, com “forte articulação” entre a saúde e os outros setores, nomeadamente a sociedade civil, as câmaras municipais e a educação.

“Para transformarmos um bocadinho a nossa sociedade, para ser mais compassiva. Porque o que se pretende é que esses cuidados acompanham os doentes ao longo de toda a sua vida e passam a maior parte da vida na comunidade. Portanto, temos que ter uma forte atuação na comunidade e este sim, é um grande desafio”, referiu a médica.

O ‘webinar’, que reuniu profissionais de saúde das diferentes áreas, foi promovido pela Direção Nacional da Saúde, através do Programa Nacional da Segurança do Doente, e faz parte de uma série de encontros que vão decorrer este mês, para assinalar o Dia Mundial da Segurança do Paciente 2023, celebrado em 17 de setembro.

LUSA/HN

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