“Registámos, nos primeiros nove meses deste ano, cerca de 300 óbitos, mas comparado ao ano passado, na mesma altura, tínhamos mais de 400 óbitos”, disse Baltazar Candrinho, diretor do Programa Nacional de Combate à Malária, em Marracuene, na província de Maputo, durante o lançamento do inquérito sobre a prevalência da doença no sul de Moçambique.
Candrinho avançou que o maior número de óbitos causados pela malária foi registado nas províncias do centro e norte de Moçambique.
Segundo o responsável, entre janeiro e setembro deste ano, Moçambique registou também nove milhões de casos de malária, contra 8,5 milhões registados no mesmo período de 2022, sendo as províncias de Sofala e Zambézia, no centro do país, as que registam, atualmente, o maior número de casos.
De acordo com o vice-ministro da Saúde moçambicano, Ilesh Jani, a malária continua a ser uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em Moçambique, sendo responsável por cerca de 18% das mortes registadas em crianças com menos de cinco anos de idade.
“A malária é um problema muito sério para nós”, disse Ilesh Jani, referindo que o combate à doença é complexo e o seu controlo requer o uso de um “arsenal de metodologias”.
O inquérito lançado hoje pelas autoridades de Saúde visa, entre outros, avaliar o impacto das medidas de controlo da malária implementadas pelo Ministério da Saúde, a atitude e comportamento da comunidade em relação à doença e estudar a diversidade genética do parasita.
O estudo deverá abranger cerca de 12 mil agregados familiares das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, todas no sul de Moçambique, e os seus resultados deverão ser divulgados em março de 2024.
A realização do inquérito está orçada em 150 milhões de meticais (dois milhões de euros), avançou o Ministério da Saúde moçambicano.
Moçambique é um dos candidatos à receção da vacina contra a malária, estando, neste momento, “dependente da decisão da OMS [Organização Mundial da Saúde] para iniciar a vacinação”, avançou, em agosto, Pedro Aide, diretor científico do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) em Moçambique.
Em 14 de julho, após um encontro com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, admitiu a possibilidade de inclusão de Moçambique na Iniciativa de Vacinação contra Malária já no primeiro trimestre de 2024.
Em julho, a OMS, a Aliança Global para Vacinas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) anunciaram a distribuição, pela primeira vez, da vacina contra a malária a 12 países africanos nos próximos dois anos.
A malária é uma das doenças mais mortíferas em África, matando quase meio milhão de crianças com menos de 5 anos, todos os anos, e o continente registou, em 2021, aproximadamente 95% dos casos mundiais de malária e 96% das mortes pela doença.
LUSA/HN
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