“Nós temos de avaliar em que condição é que cada opção política do Governo pode ser tomada, porque se é verdade que o Governo está em funções, não é menos verdade que não estamos em circunstâncias normais”, afirmou Manuel Pizarro à margem da abertura do 32.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas a decorrer em Matosinhos, no distrito do Porto.
E, por esse motivo, a negociação com os médicos exige “um estudo muito atento” do ponto de vista daquilo que é, não apenas a conformação legal, mas também a legitimidade política para que cada decisão seja tomada, frisou.
“Vamos estudar até onde é que podemos ir nessa matéria”, acrescentou.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou hoje que vai manter a greve ao trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários e pede a retoma das negociações com o Ministério da Saúde.
Também hoje, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) pediu que fossem retomadas de imediato as negociações com o Ministério da Saúde.
Dizendo ter tomado “boa nota” dessa intenção dos sindicatos, Pizarro confessou não ter visto da parte do sindicato que decidiu manter a greve na próxima semana “nenhuma vontade de ele próprio se aproximar das posições do Ministério da Saúde” e desconvocar a greve face às atuais “circunstâncias muito especiais”.
A última reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos estava marcada para a passada quarta-feira, mas foi cancelada na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa.
Nesse dia, o ministro da Saúde tinha declarado no parlamento que as negociações com os sindicatos médicos iriam prosseguir, afirmando que ainda não tinha perdido a esperança de chegar a um acordo com os médicos.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
De acordo com o Ministério Público (MP), podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa.
No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.
LUSA/HN
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