Castanheira de Pera sem médico de família desde sexta-feira

12 de Setembro 2024

O concelho de Castanheira de Pera está sem médico de família desde sexta-feira, anunciou hoje a Câmara, tendo a Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra garantido que está a trabalhar para encontrar respostas.

Num comunicado enviado à agência Lusa, aquela autarquia do norte do distrito de Leiria expressou desagrado por o centro de saúde “se encontrar, novamente, sem recursos médicos”, situação que a ULS não comunicou ao município.

Na segunda-feira, o presidente da Câmara, António Henriques, pediu esclarecimentos à ULS e manifestou a “total disponibilidade para colaborar” na “urgente e inadiável resolução da situação”, considerando inaceitável a ausência de resposta por parte daquela entidade.

No comunicado, o município reconheceu que a falta de médicos de medicina geral e familiar “não é uma dificuldade exclusiva” de Castanheira de Pera, realçando, contudo, que “as especificidades do território e da sua população evidenciam carências e necessidades que reclamam respostas urgentes das autoridades competentes”.

A autarquia notou que o concelho, o de menor dimensão e com menos população do distrito (cerca de 2.600 habitantes), não tem outros serviços públicos ou privados para a prestação de cuidados de saúde primários, destacando ainda “a distância geográfica e a insuficiência ou ausência” de transportes públicos que possibilitem o acesso a serviços de saúde em “centros urbanos de maior dimensão, nomeadamente os hospitais centrais”.

Por outro lado, referiu “o elevado índice de envelhecimento demográfico (…) conjugado com as dificuldades de mobilidade, a baixa literacia e os parcos recursos económicos que evidenciam a elevada dependência na assistência à população idosa”.

Apesar de caber “por inteiro à Administração Central a gestão e distribuição dos recursos médicos e efetuar as diligências” para “colmatar o problema crónico da falta de profissionais de saúde”, a Câmara lembrou que aprovou um regulamento de apoio à fixação de médicos que prevê, por exemplo, um incentivo mensal de 2.200 euros para os profissionais que optarem por viver no concelho.

No comunicado, lê-se que, “em finais de abril, a colocação temporária de três jovens médicos recém-formados na especialidade de clínica geral permitiu colmatar as necessidades locais”, mas, contrariamente “aos esforços e às expectativas iniciais da autarquia, constatou-se a colocação dos profissionais noutras unidades de saúde da região”, o que veio despojar o centro de saúde de “recursos médicos por tempo indeterminado”.

A Câmara de Castanheira de Pera assegurou que vai continuar empenhada “em criar as melhores condições possíveis para a fixação de médicos”, além de uma postura dialogante com a tutela e a avaliar soluções complementares ou alternativas “abertas à eventual contratação de prestadores de serviços privados”.

À Lusa, a ULS de Coimbra explicou que contratou 17 novos médicos de família na última semana, “permitindo reduzir em mais de 50% o número de utentes sem médico de Família na sua área de abrangência”.

“O concelho de Castanheira de Pera não dispõe de médico de família há vários anos”, adiantou a ULS, esclarecendo que, nos últimos meses, “foi possível, até conclusão do concurso, colocar temporariamente dois recém-especialistas no centro de saúde”, para “dar acesso a médico de família à população e também sensibilizar os jovens médicos para o território”.

A ULS fez saber que, “infelizmente, no último concurso, apesar de todos os esforços, nenhum médico de família escolheu trabalhar em Castanheira de Pera”, assegurando que “está a trabalhar ativamente para encontrar respostas” para o concelho “e para todos os utentes ainda sem acesso a médicos de família”.

LUSA/HN

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