PS alerta para degradação de serviços de saúde na ilha Terceira

4 de Outubro 2024

O PS alertou hoje para a degradação de serviços de saúde na ilha Terceira, nos Açores, dando como exemplo situações de falta de detergente na lavandaria, de materiais e de profissionais de saúde no hospital.

“Esta degradação é já em si um indício de um problema maior, que é a degradação do Serviço Regional de Saúde e todas as ilhas teriam exemplos semelhantes a dar”, afirmou o dirigente do PS/Terceira e deputado regional José Toste, em conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

Na semana em que foi denunciada pela Iniciativa Liberal a avaria da maioria das viaturas da Unidade de Saúde da Ilha Terceira, que levou ao cancelamento de serviços domiciliários médicos, o PS alertou para outros problemas nos serviços de saúde da ilha.

“A degradação de viaturas não é uma situação isolada, mas sim um sintoma de um problema mais abrangente que é o da degradação manifesta e generalizada dos meios alocados à prestação de cuidados de saúde”, frisou José Toste.

O dirigente socialista deu como exemplo constrangimentos verificados no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), em que houve “falta de toalhas, de lençóis e de cobertores em alguns serviços”, no dia 01 de outubro, “devido à falta de detergentes” na lavandaria, “em virtude de atrasos no pagamento ao fornecedor”.

Segundo José Toste, “muitos serviços queixam-se também de falta de material de consumo clínico”, chegando a usar “tubagens mais grossas por não haver mais finas” em algálias.

O dirigente do PS/Terceira denunciou ainda a falta de meios humanos no hospital, alegando que se verifica “com relativa frequência o encerramento da área cirúrgica do serviço de urgência”, por falta de assistentes operacionais, e que nos dias 16 e 19 de setembro “os médicos de medicina interna apresentaram escusa de responsabilidade do serviço de urgência”, porque a equipa habitualmente composta por cinco médicos só tinha três.

Já o Centro de Saúde da Praia da Vitória “encontra-se sem água quente”, porque “a caldeira se encontra avariada há algum tempo”, e “sem qualquer sistema de climatização do ar”, pelo menos desde agosto, revelou José Toste.

O membro do secretariado do PS/Terceira alertou ainda para a falta de condições das atuais instalações do núcleo de saúde familiar da Terra Chã, que leva a que os médicos se recusem a realizar consultas no local, apesar de terem sido criados em 2021 dois gabinetes médicos e dois de enfermagem no centro comunitário da freguesia, num investimento de 80 mil euros.

José Toste propôs que o executivo açoriano (PSD/CDS/PPM) crie “uma central de compras públicas na área da saúde, dotada dos meios técnicos e humanos, capaz de abranger todas as aquisições dos hospitais e centros de saúde”, para evitar novas ruturas de ‘stock’.

“Retiraria uma carga burocrática e procedimental das administrações dos hospitais. Em vez de a região realizar três procedimentos de aquisição de um determinado medicamento, realizaria apenas um. Isto traria, naturalmente, ganhos de escala e ganhos decorrentes de uma redução do custo”, defendeu.

Para o dirigente socialista, a central de compras podia mesmo servir de “embrião” para uma central de compras geral da administração pública regional, “prática comum em toda a Europa e na administração da República”.

“Numa altura em que se fala tanto de que as despesas correntes em Saúde e Educação atingem os 80% do orçamento da região e em que ao mesmo tempo nenhum esforço é feito para que haja alteração deste panorama, exceto tentar que seja a República a responsabilizar-se por estes dois setores, seria um passo importante da autonomia avançar com medidas concretas”, salientou.

O PS/Terceira sugeriu ainda a realização de um “levantamento sério das necessidades de recursos humanos num horizonte temporal de 10 anos”, a resolução “imediata” dos problemas detetados no Centro de Saúde da Praia da Vitória e a transferência dos serviços do núcleo de saúde da Terra Chã.

Questionado sobre a degradação do parque automóvel das unidades de saúde de ilha, que têm algumas viaturas com 30 anos, José Toste admitiu que a necessidade de substituição de viaturas foi identificada em 2018, altura em que o PS governava a região.

“Em 2018, havia já um custo acima do que seria aceitável e que aconselhava a substituição de viaturas, mas o reporte de 2018 não é da existência de sete viaturas avariadas”, apontou.

O dirigente socialista acusou o executivo de vir “a reboque com uma solução improvisada de aquisição de viaturas”, alegando que “devia ter sido planificada a substituição destas viaturas”.

LUSA/HN

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