“Não faz sentido que continuem a morrer crianças e não tenhamos, de forma clara, as razões que levam a isso”, afirmou José Maria Neves, após ser questionado sobre as recentes mortes no Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN), na cidade da Praia.
O chefe de Estado recordou que já tinha solicitado um “inquérito de qualidade” para avaliar todo o sistema nacional de saúde, incluindo a gestão dos hospitais e o tratamento de especialidades, nomeadamente no que diz respeito às crianças recém-nascidas.
O pedido surgiu após um caso ocorrido em dezembro de 2024, quando o corpo de um bebé falecido na unidade foi dado como desaparecido e, duas semanas depois, o hospital esclareceu que tinha sido sepultado, sem o conhecimento da família, juntamente com tecidos humanos descartados.
Hoje, mães que perderam bebés prematuros no hospital, desde fevereiro, queixaram-se à Lusa de falta de cuidados, exigindo uma investigação.
Perante os novos casos, José Maria Neves reiterou o apelo: “Por favor, façamos uma avaliação global de todo o sistema nacional de saúde”, considerando ainda as listas de espera em algumas especialidades, as dinâmicas de trabalho e as propostas de formação necessárias.
Há uma semana, a ministra de Estado, Janine Lélis, confirmou no parlamento a morte de cinco recém-nascidos no HUAN, em fevereiro, após um aumento dos partos prematuros (entre 25 e 31 semanas) e de bebés com baixo peso (870 a 1.870 gramas).
Três mortes foram atribuídas a infeções neonatais precoces de origem materna e duas a complicações da prematuridade.
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), maior partido da oposição, levantou a questão, pedindo esclarecimentos sobre um alegado surto de infeções neonatais no hospital.
lusa/HN
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