Doentes devem ser testados quatro semanas após primeiros sintomas

3 de Setembro 2020

Os infetados com covid-19 devem ser submetidos a um novo teste pelo menos quatro semanas depois do aparecimento dos primeiros sintomas, para confirmar a cura e minimizar o risco de contágio, revela um estudo da revista ‘BMJ Open’.

Os autores do estudo publicado na quarta-feira, radicados na região italiana de Emília-Romana [norte], alertaram que, segundo a sua investigação, o novo coronavírus “demora uma média de 30 dias a desaparecer do corpo após o primeiro teste positivo e 36 dias após os primeiros sintomas”.

Segundo noticia a agência noticiosa EFE, os investigadores lembram, no entanto, que “ainda se desconhece até que ponto uma pessoa é passível de transmitir o vírus durante o período de convalescença”.

E sublinham ainda que “é relativamente alta” a taxa de “falsos negativos” obtidos nos testes realizados durante as primeiras fases de recuperação do paciente.

O estudo, liderado por Francesco Venturelli, da unidade de Epidemiologia do IRCCS de Reggio Emilia, defende que é importante realizar novos testes passado o período de pelo menos quatro semanas, para minimizar o risco de contágio de propagação da covid-19.

E aconselham que, uma vez estabelecido quanto tempo demora o vírus a desaparecer do corpo humano, deve modificar-se o período de isolamento recomendado para pessoas com ou sem sintomas, que é atualmente de 14 dias, fixado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para chegarem a estas conclusões, a equipa de investigadores analisou a evolução de 4.480 habitantes de Reggio Emilia, uma das zonas de Itália mais afetadas pela pandemia, que testaram positivo para o novo coronavírus entre 26 de fevereiro e 22 de abril.

Deste grupo de pacientes, 428 pessoas morreram, 1.259 foram consideradas livres do vírus durante o período em que se promoveu o estudo, com pelo menos um teste negativo após um positivo inicial.

O período médio para registar a ausência de vírus após o primeiro positivo foi de 31 dias, assinalaram os investigadores.

A equipa de investigação realizou uma segunda prova a 1.162 pacientes nos 15 dias após o primeiro diagnóstico positivo, 14 dias após o segundo teste e nove dias após o terceiro teste.

O estudo demonstrou que alguns resultados negativos obtidos inicialmente era falsos, pois converteram-se em positivos nos testes seguintes, com um rácio de um falso negativo por cada cinco resultados negativos.

Os autores da investigação defendem que realizar um teste 14 dias após o primeiro positivo leva “na maioria dos casos a obter o mesmo resultado” e regista-se ainda uma taxa “relativamente alta” de falsos negativos até três semanas depois.

Visto os resultados indicarem que o período de infeção pode ser “muito longo”, os investigadores entende que, para evitar novos contágios, “o período de isolamento deveria ser aumentado, para 30 dias desde os primeiros sintomas, e que os pacientes deveriam ser submetidos no mínimo a um teste” antes de terminar a quarentena.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 857.824 mortos e infetou mais de 25,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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