Autismo mais frequente entre crianças negras e hispânicas nos EUA

24 de Março 2023

O autismo está a ser diagnosticado nos EUA, pela primeira vez, com mais frequência em crianças negras e hispânicas do que em crianças de raça caucasiana, segundo a CDC (Centers for Disease Control and Prevention) norte-americana.

Das crianças dos EUA com oito anos, uma em 36 tinha autismo em 2020, segundo a estimativa da CDC, acima da proporção de um em 44 crianças registada dois anos antes.

Mas a taxa aumentou mais rapidamente nas crianças de cor do que nas crianças de pele branca, conclui o estudo.

A estimativa da CDC sugere que cerca de 3% das crianças negras, hispânicas e asiáticas ou das ilhas do Pacífico têm diagnóstico de autismo, comparado com cerca de 2% nas crianças de raça caucasiana.

Os dados mostram a diferença face ao passado, quando o autismo era mais diagnosticado em crianças brancas, geralmente de famílias de classe média ou alta, com meios de consultar especialistas em autismo.

Em 2010, nos EUA, as crianças brancas foram consideradas 30% mais propensas a serem diagnosticadas com autismo do que as crianças negras e 50% mais propensas do que as crianças hispânicas.

Os especialistas atribuem esta mudança à melhoria dos serviços de triagem e autismo para as crianças e ao aumento da consciencialização e defesa das famílias negras e hispânicas.

Ainda assim, continua por esclarecer se crianças negras e hispânicas com autismo estão a ser tão ajudadas quanto as brancas, uma vez que um estudo publicado em janeiro nos EUA revelou que, durante o ano letivo de 2017-2018, as crianças negras e hispânicas tiveram menos acesso a serviços relacionados com o autismo do que as crianças brancas.

O transtorno do espetro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, défices na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados.

Durante décadas, o diagnóstico foi dado apenas a crianças com problemas graves de comunicação ou socialização e àquelas que tinham comportamentos fora do comum e repetitivos.

Para estimar a percentagem de autismo no país, o CDC verifica os registos escolares e de saúde em 11 estados dos EUA e concentra-se nas crianças com oito anos, porque a maioria dos casos é diagnosticada nessa idade.

Um segundo relatório do CDC, divulgado também na quinta-feira, analisou o autismo em crianças de 4 anos, tendo em conta que os diagnósticos acontecem cada vez mais em mais tenra idade, explicou Kelly Shaw, que supervisiona o projeto de rastreamento de autismo do CDC.

Crianças negras com autismo têm sido historicamente diagnosticadas mais tarde do que os seus colegas brancos, disse o psiquiatra da Universidade de Washington, Rose Donohue.

Mas o estudo com crianças de quatro anos também revelou que o autismo era menos comum em crianças brancas em 2020 do que entre crianças negras, hispânicas e asiáticas e das ilhas do Pacífico.

As crianças de quatro anos, no entanto, eram menos propensas a terem sido avaliadas sobre autismo do que anteriormente, o que pode dever-se a interrupções nos cuidados infantis e serviços médicos durante o primeiro ano da pandemia da covid-19, segundo kelly Shaw.

LUSA/HN

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