Quase 2.000 enfermeiros portugueses deixaram de exercer no Reino Unido desde 2017

24 de Maio 2023

Nos últimos seis anos abandonaram o registo profissional britânico quase dois mil enfermeiros portugueses e só cerca de 500 se inscreveram para trabalhar no Reino Unido, de acordo com a entidade reguladora britânica. 

Dados publicados hoje pelo Nursing and Midwifery Council (NMC) [Conselho de Enfermagem e Obstetrícia] mostram que o número de enfermeiros formados em Portugal registados no Reino Unido caiu 21,8%, dos 5.262 inscritos em março de 2017 para 4.055 em março de 2022.

Neste período, inscreveram-se 553, mas 1.908 rescindiram a inscrição, obrigatória para exercer a profissão no Reino Unido, embora nem todos os inscritos estejam a trabalhar.

O NMC explicou que os números podem não coincidir porque os dados relativos aos novos membros apenas incluem aqueles que aderem ao registo pela primeira vez e não pessoas que interromperam a atividade profissional.

Este saldo negativo também é verificado no registo de outros enfermeiros europeus, como espanhóis, italianos e romenos, que antes da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) eram recrutados em grande número pelo serviço de saúde público britânico (NHS).

Pelo contrário, nos últimos anos o número de profissionais da Índia, Quénia, Jamaica, Guiana, Zimbabué, Botsuana ou Gana dispararam, refletindo uma predominância do recrutamento fora da UE.

No geral, o NMC registou um número recorde de 52.148 novas adesões, cerca de metade não britânicos, e o número de profissionais que abandonou o registo desacelerou.

Mas o relatório publicado hoje indica que mais de metade dos enfermeiros saiu mais cedo do que o previsto da profissão e a maioria não tenciona regressar.

“Embora o recrutamento continue a ser forte, há avisos claros sobre as pressões no local de trabalho que estão a afastar as pessoas das profissões”, afirmou a presidente executiva do NMC, Andrea Sutcliffe.

Como motivos para cancelar a inscrição estão o esgotamento ou exaustão, falta de apoio dos colegas, preocupações com a qualidade dos cuidados prestados às pessoas, carga de trabalho e níveis de pessoal, acrescentou.

O Partido Trabalhista criticou o recurso a profissionais de países da “lista vermelha” da Organização Mundial de Saúde, que procura desincentivar o recrutamento de médicos, enfermeiros e enfermeiros parteiros em países em desenvolvimento onde os serviços de saúde são deficitários.

“O NHS será sempre uma força de trabalho internacional, e isso faz parte da sua força. Mas a abordagem dos Conservadores é injusta para com os países de onde vêm e para com os estudantes britânicos a quem é negada uma grande carreira no NHS”, criticou o deputado Wes Streeting.

NR/HN/Lusa

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