“Quase 10 mil utentes não têm médico de família no concelho de Abrantes e as alternativas, como, por exemplo, a contratação de horas médicas e/ou reformados e de médicos estrangeiros, têm esbarrado na recusa de profissionais trabalhar pelas condições oferecidas e na intrincada burocracia e regulamentação governamental”, afirmou aos jornalistas Manuel José Soares, porta-voz da CUSMT, à porta do centro de saúde de Alferrarede, onde cerca de seis mil utentes estão sem médico de família atribuído, depois de cinco profissionais que lai exerciam se terem aposentado nos últimos dois anos.
A CUSMT, que tem ação nos 11 municípios abrangidos pelo Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) e no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da mesma área, no distrito de Santarém, e que se fez hoje representar por uma dezena de dirigentes, enquadrou a ação reivindicativa no âmbito dos 44 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “o mais importante em termos sociais e humanos dos serviços públicos”.
“A importância da defesa e reforço do SNS é uma luta de todos e para todos, que passa, entre outros aspetos, por colocar o foco na saúde e na prevenção da doença, pela necessidade de reforçar e modernizar o SNS, por investir na melhoria da organização, funcionamento, direção e gestão do SNS e dos seus profissionais, como condição de desenvolvimento económico e social do País”, afirmou Manuel Soares.
Para o representante dos utentes, “defender o SNS é realçar que no Médio Tejo, apesar de todas as dificuldades, há no setor da saúde mais de 5.000 trabalhadores, que, por exemplo, fazem em média 435 urgências por dia, 4.000 consultas diárias nos hospitais e centros de saúde, mais de 30 intervenções cirúrgicas diárias, perto de 50 sessões diárias de hemodiálise, milhares de exames e análises, tratamentos e atos de enfermagem, transportes, recuperação psíquica e física de centenas de doentes, e ações de sensibilização de saúde pública”, entre outras, tendo elencado de seguida as exigências da CUSMT para o setor.
“O reforço do SNS implica exigir, por todas as formas democráticas, entre outras ações, resolver os problemas de acesso de muitos utentes a cuidados de saúde” no Médio Tejo, onde, indicou, “quase 35%, ou seja, 77.769 de um total de 225.691 utentes inscritos não tiveram qualquer consulta nos últimos 12 meses”, a par da contratação de mais profissionais de saúde, com condições de trabalho e salariais que correspondam à sua formação”, condição que defendeu ser “extensível à necessidade nacional do aumento de salários e prestações”.
A CUSMT, no documento apresentado na sessão, reclama ainda por investimento em “ações preventivas de saúde pública eficazes e mensuráveis”, ao nível da sinistralidade rodoviária, consumo de tabaco, álcool, e obesidade”, a par do “cumprimento do princípio da proximidade na prestação de cuidados de saúde, não abandonando a população das freguesias rurais”, mantendo as Extensões de Saúde abertas e recorrendo a Unidades Móveis de Saúde.
Numa longa lista de alertas, apelos e reivindicações, sobrou uma crítica para o recente anúncio da adjudicação da empreitada de requalificação das instalações da Urgência Médico-Cirúrgica do Hospital de Abrantes, obra há muito anunciada e cujos atrasos fizeram aumentar o valor da obra em “mais quase 700 mil euros” e “sem castigo para os responsáveis”, tendo apontado ao Ministério das Finanças.
A Comissão, que assegurou prosseguir a “luta pela valorização do SNS”, indicou ainda a necessidade de “melhorar a humanização e organização dos serviços de urgência”, a par da “informação e comunicação a utentes e familiares”, defendendo o funcionamento da maternidade do CHMT, em Abrantes, “24 horas por dia nos sete dias da semana”, abertura da “Urgência Pediátrica nos três hospitais” do CHMT, “em vez de ser só em Torres Novas”, e “desenvolvimento do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação” no hospital de Tomar.
“É preciso mais Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) assim como a renovação da frota automóvel das unidades de saúde articulação da prestação de cuidados, principalmente com as instituições sociais, onde está muita da população idosa da região…”, acrescentou Manuel Soares, tendo concluído ao afirmar que “a defesa e reforço do SNS implica mais informação e organização dos utentes e trabalhadores e uma ação consequente e permanente”.
LUSA/HN
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