Portugal realiza primeiro rastreio do cancro colorretal em afrodescendentes na Europa

3 de Outubro 2023

Portugal será o primeiro país europeu a realizar um rastreio ao cancro colorretal destinado aos afrodescendentes, depois de os Estados Unidos concluírem que os afro-americanos têm 40% mais probabilidade de morrer da doença do que outras comunidades.

“É o primeiro estudo que se faz focado nos afrodescendentes” e Portugal será o primeiro país da Europa a fazê-lo, Lusa o presidente da Europacolon Portugal, Vítor Neves.

Em função do resultado e da eficácia deste rastreio, que será realizado numa unidade móvel que vai circular em várias zonas do concelho da Amadora, no distrito de Lisboa, a iniciativa “servirá de exemplo para depois se desenvolver noutros países”, acrescentou.

A +INTESTINO, da Europacolon Portugal – Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo, surge depois de a American Cancer Society ter revelado que os afro-americanos têm mais 20% de probabilidade de desenvolver cancro colorretal e 40% mais probabilidade de morrer face a outras comunidades.

Em Portugal, segundo a associação, 12 pessoas morrem por dia de cancro colorretal e todos os anos são diagnosticados mais de 11 mil novos casos. Atualmente há cerca de 80.000 doentes ativos e 50% da população ainda desconhece os sintomas.

Vítor Neves explicou que há entre os afrodescendentes “um conjunto de barreiras” que fazem com que se mostrem intransigentes ao rastreio.

“Primeiro, o medo por desconhecimento é superior ao da média”; segundo, como muitos estão afastados do sistema de saúde português, têm falta de confiança no SNS; e depois “sentem-se excluídos, porque grande parte deles não tem médico de família”, sustentou.

De acordo com líder da associação, o grupo focal detetou há cerca de três semanas que nenhum dos afrodescendentes analisados tinha médico de família.

Apesar de o rastreio ser focado na população afrodescendente, Vítor Neves explicou que a iniciativa está aberta ao resto da população: “Quem quiser chegar até nós (…), se não for afrodescendente, também faz o rastreio, é gratuito”.

A iniciativa, que se realiza de 16 a 27 de outubro, tem como principal alvo as pessoas entre os 50 e os 74 anos, uma vez que a probabilidade de desenvolver este tipo de cancro sobe com a idade – 90% dos diagnósticos acontecem acima dos 50 anos.

“Nós conseguimos congregar o apoio da Cruz Vermelha da Amadora, da Liga Angolana Contra o Cancro, da Liga Cabo-Verdiana Contra o Cancro e da Pintavida para estarem connosco e para, em conjunto, termos uma carrinha móvel na Cova da Moura, em Casal da Mira e em Alfornelos”, indicou.

A unidade móvel vai estar localizada na Cova da Moura, de 16 a 20 de outubro, em Casal da Mira, de 23 a 24, e em Alfornelos, nos dias 25, 26 e 27.

LUSA/HN

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