Autarca de Bragança critica demora dos resultados e vai pedir reunião à Saúde

4 de Outubro 2020

O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, criticou hoje a morosidade dos resultados dos testes ao novo coronavírus que atribuiu ao facto de os laboratórios funcionarem apenas três dias por semana.

O autarca anunciou que vai pedir que a situação seja corrigia numa reunião que, segundo disse, vai pedir de urgência à Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, a entidade responsável pela realização dos testes em todo o distrito de Bragança.

A situação foi denunciada durante declarações aos jornalistas para fazer o ponto da situação do surto nos lares de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Bragança e deu como exemplo este caso concreto, em que os resultados dos testes foram sendo conhecidos aos poucos durante a semana.

Depois de ter sido feito o balanço final nos três lares, com 100 utentes e 15 funcionários positivos de um total de 310 testados, foi decidido testar todas as respostas sociais da instituição, o que significa mais algumas centenas de testes, entre trabalhadores e utentes.

“A partir deste momento exigimos que a Saúde e quem tem responsabilidade de fazer os testes que possa fazer os testes o mais rápido possível porque não se admite que, numa altura destas, tenhamos os laboratórios a trabalhar apenas à segunda, à quarta e à sexta-feira”, afirmou.

O autarca, que é também o responsável municipal pela Proteção Civil, enfatizou que com o funcionamento atual “se, eventualmente, no dia de ontem [sábado], ou até no dia de hoje houver alguém que esteja infetado e que vá fazer o teste, o mesmo só vai para o laboratório na segunda-feira e provavelmente só conhecerá [o resultado] 48 horas depois”.

“O que significa que poderá haver aqui uma situação em que uma pessoa esteja quatro dias sem conhecer os resultados e isso é inadmissível numa altura em que a pandemia está como se percebe a nível nacional, com valores praticamente idênticos àquilo que foi o ponto mais crítico da primeira vaga e, portanto, já teria que haver aqui condições para dar resposta de forma muito rápida a tudo aquilo que é necessário fazer”, concretizou.

Para o presidente da Câmara de Bragança “é imperioso que quando há casos imediatamente se avance para a testagem de todos os trabalhadores e todos os utentes das instituições, sob pena de entrar num processo completamente descontrolado e sem hipótese absolutamente nenhuma de intervir”

“Terá de haver da parte da Saúde, da autoridade competente para a realização dos testes e neste caso particular só temos uma entidade que o pode fazer e que tem essa responsabilidade, terá que agilizar no sentido de o laboratório estar a trabalhar sete dias por semana para poder transmitir o resultado dos testes”.

Hernâni Dias explicitou que “as colheitas estão a ser feitas todos os dias, a análise só está a ser feita à segunda, à quarta e sexta-feira”.

“Eu espero que seja alterado e eu vou exigir que seja alterado obviamente, vou marcar de imediato uma reunião com o presidente da USL do Nordeste no sentido de me assegurar que efetivamente isso vai acontecer”, reiterou.

Com o “desfasamento” atual entre a colheita e a comunicação dos resultados dos testes, o autarca entende que se pode “estar de forma absolutamente negligente a permitir que a doença se propague”.

Acrescem ainda situações de “confusão” nos resultados como ocorreram na Misericórdia de Bragança com idosos que se julgavam negativos e estavam a ser transferidos ou foram mesmo deslocados para uma unidade hoteleira, mas que acabaram por ter que regressar aos lares por estarem positivos.

O presidente da Câmara tem também conhecimento de que a ULS do Nordeste tem material empacotado para reforçar a capacidade de testagem, “nomeadamente a nível de máquinas que estão acomodadas num espaço e para montar um laboratório para poder fazer a análise dos testes covid-19”.

“Até ao momento creio que ainda não foi possível, o que significa que as máquinas estão lá e estão completamente paradas, sem qualquer utilidade, creio que à espera de um espaço adequado para poderem começar a laborar”, afirmou, acrescentando que esta será uma das questões a colocar na reunião que vai pedir.

Os casos de infeção pelo novo coronavírus dispararam no distrito de Bragança para mais de 800, com um total de 29 mortes associadas à covid-19, depois de durante quase quatro meses, desde maio, o número de óbitos se manter em 24.

LUSA/HN

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