ONG angolana critica roturas de medicamentos e falta de humanização nos hospitais

20 de Agosto 2024

Uma organização não-governamental angolana criticou hoje a falta de humanização nos serviços de saúde e as constantes roturas de medicamentos nos hospitais para o combate da sida, malária e tuberculose, defendendo uma política nacional de saúde comunitária.

A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (ANASO), que celebra hoje 30 anos de existência, referiu que Angola continua a apostar na resposta medicalizada, construindo hospitais, “o que é bom”, mas apesar desse esforço continua a faltar humanização nos serviços de saúde e o país “continua a registar constantes roturas de medicamentos de primeira linha” para a sida, tuberculose e malária.

A ANASO, que congrega 315 organizações membros espalhadas nas 18 províncias angolanas, e os seus membros entendem ainda que o momento “é de prevenção” para ajudar a reduzir o peso das doenças sobre o setor da saúde, salientando que o perfil epidemiológico de Angola ainda é dominado por doenças transmissíveis.

A malária, principal causa de mortes e de internamentos hospitalares em Angola, representa 29% da procura de cuidados de saúde e 45% das mortes registadas entre crianças menores de cinco anos, a tuberculose apresenta uma morbimortalidade relativamente alta com uma alta taxa de incidência e a sida continua a ser uma preocupação por causa dos altos índices de estigma e discriminação, salienta a ONG.

Na mensagem alusiva aos seus 30 anos de existência, a ANASO defende mesmo a criação de um fundo de apoio para as ações comunitárias de prevenção contra a sida, tuberculose e malária e que o país precisa de uma política nacional de saúde comunitária.

Considera que uma política nacional de saúde comunitária deve empoderar as lideranças comunitárias e estabelecer uma “estrutura de referência comunitária robusta e sustentável” que contribua para o alcance da cobertura universal dos cuidados primários de saúde.

“Por essa razão, a ANASO vai continuar a fazer advocacia para responsabilização dos decisores e implementação de ações baseadas na interação entre a ciência, o ativismo e a política, não deixando ninguém para trás”, refere-se na mensagem assinada pelo presidente da associação, António Coelho.

A ANASO, constituída em 20 de agosto de 1994, lamenta ainda por não obter, até ao momento, o estatuto de instituição de utilidade pública, apesar da sua “indiscutível participação social e da sua caminhada histórica em prol de Angola e dos angolanos”.

Desde a sua constituição, o percurso histórico da ANASO foi marcado por muitas dificuldades para se afirmar, contando sempre com o “tímido apoio” do executivo angolano e de outros parceiros, salienta-se ainda na mensagem, acrescentando que limitações financeiras “não permitiram fazer muito mais”.

LUSA/HN

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