“Salvar vidas e libertar os brasileiros do coronavírus são objetivos que nos devem unir. Adquirir as vacinas que primeiro estiverem à disposição deve ser a meta primordial. Nesse contexto não há espaço para discussão sobre assuntos eleitorais ou ideológicos”, escreveu na rede social Twitter o governador do Espirito Santo, Renato Casagrande.
Por sua vez, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou, num vídeo difundido nas suas redes sociais, que a decisão sobre a inclusão de uma vacina no Programa Nacional de Imunizações deve ser “eminentemente técnica, e não política”.
Já o governador da Bahia, Rui Costa, mostrou-se solidário com o ministro da Saúde brasileiro, Eduardo Pazuello, por ter sido “desautorizado” por Bolsonaro em relação à compra da Coronavac.
“O ministro da Saúde tomou medida sensata de garantir acesso à vacina de qualquer país para salvar vidas. Estamos em guerra contra a Covid-19, que já matou mais de 150 mil no Brasil. O Presidente não pode desmoralizá-lo e desautorizá-lo nesta luta. A minha total solidariedade ao ministro”, indicou no Twitter o ‘baiano’.
O prefeito de Manaus, aquele que foi um dos municípios brasileiros mais afetados pela Covid-19 no início da pandemia, emitiu um comunicado criticando a postura do Presidente do Brasil.
“É óbvio que nessa hora eu tenho de criticar o Presidente. (…) A China não ia irresponsavelmente lançar uma vacina que fizesse mal, ela que tem tanta influência sobre o mundo hoje. Já perdemos vidas demais (…) e poderíamos ter perdido menos se o Presidente tivesse, desde o começo, uma atitude de liderança sobre esse processo”, advogou Arthur Virgílio.
Em causa está o anúncio feito hoje por Jair Bolsonaro, que afirmou que não comprará a vacina contra a Covid-19 que está a ser desenvolvida pela chinesa Sinovac, em parceira com o Instituto Butantan, órgão ligado ao estado de São Paulo, liderado pelo governador Jorão Doria.
“A vacina chinesa de João Doria. (…) O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou a sua fase de testagem. Diante do exposto, a minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, escreveu o Presidente brasileiro, na sua conta na rede social Facebook.
O polémico anúncio surgiu algumas horas depois de o Ministério da Saúde brasileiro ter confirmado, no Twitter, na noite de terça-feira, que assinou um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac.
“O Ministério da Saúde pretende reforçar a estratégia de proteção contra a Covid-19. Somadas as três vacinas (AstraZeneca/Oxford, Covax Facility e Butantan-Sinovac), o Brasil terá 186 milhões de doses a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021, já a partir de janeiro”, indicou a tutela da Saúde.
Também o governo estadual de João Doria tinha confirmado um acordo com o executivo federal, para a compra de 46 milhões de doses.
Num ofício datado de segunda-feira, e enviado ao diretor do instituto Butantan, o ministro Pazuello frisou a intenção de comprar as 46 milhões de doses da vacina, ao “preço estimado de 10,30 dólares (8,68 euros) por dose, sublinhando que a “manifestação de interesse não possui caráter vinculante” por ainda não haver o registo do imunizante na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Após as declarações do chefe de Estado, o Ministério da Saúde informou que a declaração do ministro sobre a aquisição de doses da vacina foi “mal-interpretada”, reiterando que o Brasil não a deverá comprar.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 154.837 óbitos), depois dos Estados Unidos.
LUSA/HN
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