Nutricionistas exigem “ação imediata” do Governo no combate a maus hábitos alimentares

31 de Outubro 2020

A Ordem dos Nutricionistas exigiu uma “ação governamental imediata” para dar resposta aos maus hábitos alimentares dos portugueses que foram hoje dados a conhecer num relatório anual, pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

“A Ordem dos Nutricionistas exige uma ação governamental imediata que possa dar resposta aos maus hábitos alimentares dos portugueses, que foram este sábado, dia 31 de outubro, conhecidos com a divulgação do relatório anual do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS)”, anuncia num comunicado.

Segundo a nota de imprensa, os nutricionistas estão “preocupados com os hábitos alimentares dos portugueses” que são “inadequados e estão entre os cinco fatores que mais contribuem para a perda de anos de vida saudável”.

O elevado consumo de carne vermelha, o baixo consumo de cereais integrais e o elevado consumo de sal são, entre esses fatores, os hábitos que mais contribuem para a perda de anos de vida com saúde, de acordo com a análise feita, que integra o relatório anual do PNPAS, hoje publicado pela DGS.

“Estes resultados reforçam aquilo que temos vindo a defender: é preciso mais ritmo e mais intensidade por parte do Governo para a alteração dos hábitos alimentares nacionais que, como vemos, são responsáveis por grande parte das doenças que assolam a vidas dos portugueses”, considera a bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

Alexandra Bento destaca ainda que, estas doenças “são, inclusive, fatores de risco para a covid-19 e não podem, em momento algum e perante esta crise pandémica, ser secundarizadas”.

“As conclusões hoje conhecidas deixam-nos adivinhar um aumento claro das doenças crónicas associadas à alimentação nos próximos tempos e, se não se tomarem medidas imediatas, o retrato da saúde nacional vai degradar-se de ano para ano”, considera a bastonária.

A nota de imprensa recorda que “cerca de 45% dos inquiridos num estudo da DGS, realizado em maio de 2020, disse ter mudado hábitos alimentares durante o período de confinamento, com quase 42% a admitirem ter sido para pior”.

O estudo hoje divulgado conclui existir uma melhoria da prestação de cuidados nutricionais, em particular ao nível dos cuidados de saúde hospitalares, desde que em 2018 entrou em vigor o despacho que determinou a identificação do risco nutricional a todos os doentes hospitalizados.

“A maioria das unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (68,3%) tem atualmente o rastreio do risco nutricional implementado”, sublinha a mesma nota.

O documento pretendeu, além de fazer um diagnóstico da situação epidemiológica, apresentar dados relativos à avaliação dos resultados alcançados por diferentes medidas que foram implementadas pelo PNPAS ao longo dos últimos anos.

O estudo avaliou ainda o impacto da campanha “Comer melhor, uma receita para a vida”, realizada em novembro de 2019, que se estima ter chegado a “meio milhão de portugueses” que tiveram contacto com a iniciativa e que compreenderam a mensagem veiculada, acentua a DGS, em comunicado.

LUSA/HN

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