IL denuncia conflito de interesses na nova administração da ULS de Gaia-Espinho

24 de Fevereiro 2025

O líder da IL, Rui Rocha, denunciou hoje um potencial caso de conflito de interesses relativamente a um dos enfermeiros nomeados pelo Governo na passada quinta-feira para a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de Gaia-Espinho.

Em declarações aos jornalistas após ter-se reunido com o conselho de administração cessante do Hospital Amadora-Sintra, em Lisboa, Rui Rocha salientou que em causa está o enfermeiro Belmiro Rocha, nomeado na passada quinta-feira como vogal da administração da ULS da Gaia-Espinho.

O líder da IL indicou que Belmiro Rocha terá participado enquanto testemunha num processo movido por uma “empresa que gera parques de estacionamento contra a gestão pública” da ULS Gaia-Espinho, a cuja administração agora pertence.

“Eu pergunto: isto é normal? É aceitável que se faça uma nomeação destas quando há um patente conflito de interesses com o interesse público? Quando há alguém que foi testemunha contra o interesse público? Eu creio que tudo isto deve ser objeto de reflexão e de questionamento junto do Ministério da Saúde”, sustentou, considerando que “tudo isto parece um movimento muito estranho, sem critério”.

“Eu pergunto mesmo quais são os interesses que estão pode trás disto tudo? Porque há tanta turbulência já na gestão destas unidades e ainda vem agora o Ministério substituir tudo, vai tudo a eito, sem critério, nomeiam-se pessoas que, aparentemente, têm conflito de interesses com os interesses do Estado”, disse.

Salientando que, antes de substituir a administração da ULS de Gaia-Espinho, esta “tinha bons resultados e estava a funcionar”, Rui Rocha acusou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de estar a “introduzir turbulência” na gestão das unidades locais de saúde em todo o país.

“Nalguns casos, será justificada – é sempre melhor ter equipas competentes do que não ter -, mas há uma substituição cujo critério generalizado nós não entendemos. Há unidades locais de saúde que têm bons desempenhos, que têm tido bons resultados e, todavia, também a gestão dessas unidades é substituída”, criticou.

Rui Rocha perguntou “porque é que está a ser feita esta substituição indiscriminada da gestão hospitalar” e qual é o critério, salientando que, quando Ana Paula Martins vai ao parlamento, “diz que não tem dados, que não consegue responder, que não tem soluções”.

“A pergunta é: a senhora ministra da Saúde está a gerir o Serviço Nacional de Saúde (SNS), já se demitiu e nós não sabemos ou o que é que se passa?”, questionou.

Nestas declarações aos jornalistas, Rui Rocha foi ainda interrogado se admite candidatar-se às eleições autárquicas deste outono, tendo afirmado que não e indicado que está muito “focado nas suas funções” de deputado e de presidente do partido.

“Temos a vantagem de a IL ter um conjunto de quadros muito qualificado e de haver também essa característica da IL de apresentar novas caras a diferentes eleições. Portanto, eu estou focado na minha função e é essa que quero exercer com competência e determinação”, disse.

Instado a comentar o resultado das eleições legislativas na Alemanha, e em particular o facto de o partido liberal FDP ter perdido a representação parlamentar, após ter integrado o Governo liderado pelos socialistas do SDP, Rui Rocha considerou que isso justifica a decisão da IL de não ter participado até agora num executivo.

“Quando a IL decidiu, em eleições recentes, ir sozinha a eleições e recusou integrar o Governo, eu creio que é esse o segredo do sucesso da IL em Portugal e, eventualmente, do insucesso de outras propostas liberais noutros países que, se calhar, estiveram demasiado disponíveis para trocar as suas ideias por cargos”, afirmou.

NR/HN/Lusa

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