“Um dos grandes problemas que temos já nesta fase é a exaustão de quem está a trabalhar. Muitos que estão a trabalhar hoje estão a fazer turnos de doze horas ou dois turnos em vez de um, precisamente por falta de pessoal, de ausência de colegas, alguns em isolamento, outros doentes precisamente com covid”, disse à Lusa Zoraima Prado, dirigente do SEP.
De acordo com a sindicalista, o que os enfermeiros reivindicam “não são prémios, são medidas que reconheçam o risco e a penosidade de forma permanente e constante e em todos os contextos”, apontando que o prémio dado aos profissionais de saúde “é altamente discricionário”.
“Há serviços que recebem num hospital e não recebem noutro. Há colegas da mesma equipa em que uns recebem e outros não recebem, e deixa de fora a larga maioria dos enfermeiros que tem estado a dar resposta a esta pandemia”, apontou a enfermeira à Lusa.
O sindicato manifestou-se hoje à tarde no hospital Garcia de Orta, em Almada, distrito de Setúbal, e um dos motivos de descontentamento é a discriminação na atribuição do prémio, pois noutros hospitais houve “serviços que foram abrangidos”, como a urgência obstétrica, psiquiátrica e urgência pediátrica, e que, segundo a sindicalista, não o foram no hospital almadense.
De acordo com a proposta do Governo, os enfermeiros da linha da frente deverão beneficiar de um dia de férias por cada 80 horas de trabalho normal e de um dia de férias por cada 48 horas de trabalho suplementar durante o período de calamidade pública.
No serviço do Garcia de Orta, segundo as previsões da sindicalista, que atribui dados ao Governo, neste momento, “de 101 enfermeiros precários, ficam vinculados apenas três”.
“Será uma situação incomportável caso estes enfermeiros não fiquem vinculados à instituição, a curto e médio prazo”, acrescentou, reivindicando a integração de todos os trabalhadores do setor com contratos precários a nível nacional.
LUSA/HN
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