“Não estamos a conseguir que as instituições de saúde recebam os nossos estudantes e não vamos conseguir iniciar o próximo ano letivo na área da saúde se isto não se revolver”, alertou hoje Jorge Conde, presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, durante uma audição parlamentar para analisar o ano letivo que agora termina e perceber como será o próximo ano.
Devido à pandemia de covid-19, houve uma recomendação das escolas médicas no sentido da interrupção do ensino clínico, uma medida que Jorge Conde disse hoje no parlamento não compreender.
“Aquilo que nós dissemos aos nossos alunos foi: Quando houver uma pandemia, fujam. E aquilo que aconteceu foi exatamente isso, os estudantes fugiram todos para casa. As instituições fecharam o ensino clínico a todos os estudantes da área da saúde, mesmo àqueles que não contactavam diretamente com a linha de covid e que não tinham nenhum problema em permanecer nos hospitais”, lamentou Jorge Conde, que hoje esteve no parlamento enquanto representante do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).
Sem ensino clínico desde março, Jorge Conde disse que as escolas estão neste momento com “uma tremenda dificuldade em terminar o ano letivo”.
“Não conseguimos entrar nos hospitais desde o dia 12 de março e precisamos obrigatoriamente de terminar o atual ano letivo até ao final de setembro, se queremos iniciar o próximo ano letivo com alguma regularidade”, alertou.
Segundo o presidente do IPC, tanto o ministro da Ciência, Manuel Heitor, como a Ministra da Saúde, Marta Temido, têm conhecimento da situação, mas o problema continua por se revolver.
“Temos passado essa mensagem quer a um ministério quer ao outro. A autonomia não é independência, mas aquilo que as instituições de saúde estão a fazer connosco é uma completa independência e portanto não estamos a conseguir dialogar com as instituições de saúde apesar de conseguirmos dialogar com os dois ministérios”, afirmou.
O alerta de Jorge Conde foi feito durante uma audição parlamentar a pedido do PS e do PSD que queriam perceber como tinha corrido o ano letivo e como as instituições se estão a preparar para o próximo, tendo por isso chamado representantes do CCISP e do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
Em meados de março, o Governo decidiu suspender as aulas presenciais que foram substituídas por ensino à distância como forma de conter a disseminação do novo coronavírus, cujos primeiros casos de infetados em Portugal surgiram no início desse mês.
O ensino à distância impossibilitou a continuação das aulas para muitos alunos, em especial as aulas práticas. A situação complicada em que ficaram os estudantes dos cursos ligados à saúde foi desde logo apontado.
Entretanto, mesmo antes do reinicio das aulas presenciais para a maioria dos alunos do ensino secundário, o Ministério do Ensino Superior recomendou às instituições de ensino superior que retomassem as aulas presenciais, em especial as de componente práticas e laboratoriais.
LUSA/HN
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