“É o caso que mais preocupa pela dimensão”, afirmou à agência Lusa Odete Mendes, referindo ser necessária “uma monitorização contínua”.
Segundo a delegada de saúde coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral, no domingo à tarde foi recebida “uma notificação do hospital de que um utente de um lar tinha testado positivo à covid-19”, adiantando que o utente, do lar da Raposeira, em Colmeias, acabou por morrer.
“Ainda no domingo fizeram-se os contactos com o lar e foram solicitadas análises. O lar tem 23 utentes e 12 funcionários, incluindo os quatro ligados à entidade patronal, mais dois colaboradores, médico e enfermeira”, esclareceu Odete Mendes.
Até terça-feira de manhã “todos os utentes e profissionais tinham as análises feitas” e, à tarde, elementos da câmara, Proteção Civil, Autoridade de Saúde, técnico de saúde ambiental e Segurança Social deslocaram-se ao lar da Raposeira, para averiguar a organização de espaços em função da avaliação de risco.
“Na quarta da manhã houve a informação de que todos os 23 utentes testaram positivo, assim como cinco profissionais”, declarou, explicando que “a Proteção Civil, através dos Bombeiros Municipais de Leiria, diligenciou no sentido de uma limpeza e desinfeção mais amplas do espaço”.
A delegada de saúde coordenadora observou que houve também a necessidade de reforçar o lar com equipamentos de proteção individual e “foram dadas orientações para os isolamentos profiláticos, no sentido de minorar as consequências e o risco”.
Odete Mendes referiu que os utentes, três dos quais acamados, estavam assintomáticos na quarta-feira.
“Os funcionários infetados ficaram em casa, em isolamento, assim como aqueles que testaram negativo, mas que tiveram contacto com os infetados, que não foram todos. Dois tiveram de continuar no serviço, para fazer a transição com a equipa rápida organizada pela Segurança Social”, esclareceu, acrescentando que o lar contratou uma assistente social, que entrou hoje em funções, na sequência do surto.
Considerando que não se pode dizer que este surto está controlado, “porque está no início”, Odete Mendes frisou: “Temos de esperar o tempo necessário em termos de evolução para a melhoria, para a cura, que esperamos que seja o desfecho”.
A notícia do surto neste lar foi avançada pelo Diário de Leiria.
A delegada de saúde coordenadora realçou ainda o “grande trabalho articulado” entre câmara, Proteção Civil, Autoridade de Saúde, bombeiros, Segurança Social, técnico de saúde ambiental e Centro Hospitalar de Leiria, assim como as “reuniões individualizadas em lares do concelho de Leiria”, cerca de 70, iniciadas em março, onde estiveram várias entidades.
Quanto ao lar da Raposeira, Odete Mendes reconheceu que “não está legalizado, mas tem vários processos de legação a decorrer”.
“Penso que do ponto de vista da estrutura física, dimensão das instalações, tem capacidade par ser melhorado internamente, com alterações físicas de alguns circuitos de organização de espaços”, considerou.
Entretanto, a Câmara de Leiria, numa nota de imprensa, fez saber que a situação no lar está a ser “acompanhada em permanência” e o presidente da autarquia, Gonçalo Lopes, faz um apelo para que a população siga “à risca as recomendações das Autoridades de Saúde” e que evite “ao máximo contactos sociais”.
“Temos de fazer um esforço adicional para conter a propagação [da covid-19] no nosso concelho que, nos últimos dias, está a evoluir de forma preocupante”, refere, citado na nota, sustentando que “este é o momento de maior preocupação”.
O concelho de Leiria registou desde o início da pandemia, em março, 551 casos confirmados do novo coronavírus, mantendo-se 169 casos ativos.
No mesmo período, 376 pessoas recuperaram da doença e foram contabilizados seis óbitos, segundo o último boletim da Comissão Distrital de Proteção Civil de Leiria, divulgado às 01:42 de hoje.
LUSA/HN
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