“Eu tenho esta viagem planeada desde setembro porque preciso de tratar de documentos legais. Mas o meu parceiro [que é britânico] já não vai e se não fosse as circunstâncias excecionais, por mais que me custasse não ver a minha família, cancelaria a viagem”, disse Renata Gomes à agência Lusa.
Desde o anúncio no sábado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de novas medidas em Londres e regiões do sudeste de Inglaterra, incluindo a recomendação contra as viagens ao estrangeiro, que esta cientista e outros portugueses têm procurado rapidamente informar-se sobre as consequências.
As companhias aéreas mantêm, por enquanto, os voos programados e vários portugueses já viajaram para Portugal no fim de semana sem lhes ter sido pedido qualquer teste, mas no domingo o Governo passou a exigir que os passageiros apresentem um teste laboratorial de rastreio negativo ao SARS-Cov-2.
A restrição, com efeito a partir das 00h de segunda-feira, foi decretada na sequência da evolução epidemiológica no Reino Unido, onde foi identificada uma variante mais contagiosa do novo coronavírus que provoca a doença Covid-19.
“Eu já tinha um teste privado marcado em Portugal, mas agora não sei se terá de ser feito no aeroporto ou se poderei sair, ou se haverá alojamento ou uma área reservada para ficar até saber do resultado”, questionou Renata Gomes, que vai viajar hoje para o Porto.
O conselheiro das Comunidades Portuguesas Sérgio Tavares afirmou à Lusa ter conhecimento de emigrantes que apressaram a saída do país no sábado para poder chegar a França e depois a Portugal, outros cancelaram ou reprogramaram as datas.
“Há muitas pessoas que vão viajar nos próximos dias e estão na expetativa, à espera do que a União Europeia vai decidir na reunião de hoje. Não sabem como podem obter os testes nem o que lhes pode acontecer se chegarem a Portugal e testarem positivo”, explicou.
Segundo comunicados divulgados pelos ministérios da Administração Interna e da Saúde, em caso de não serem portadores de um comprovativo do teste negativo, os cidadãos serão conduzidos para “a realização do referido teste no interior do aeroporto, através de profissionais de saúde habilitados para o efeito”, ficando em isolamento.
A medida de restrição à entrada de passageiros oriundos do Reino Unido “será atualizada de acordo com a evolução da situação”, adiantam ainda as autoridades.
Isa Ramirez é uma das que já tinha decidido não viajar a Portugal este ano durante o Natal, apesar da angústia de não poder visitar a mãe, que reside num lar de idosos.
“Eu trabalho num supermercado e o meu empregador não me iria pagar durante a quarentena no regresso. Vou ter de falar com ela por videochamada com a ajuda de uma empregada do lar”, contou à Lusa, emocionada.
Esta lisboeta pensa que as pessoas, incluindo portugueses, deviam seguir as regras e evitar viajar nesta época para travar a transmissão do vírus, mas Renata Gomes justifica que “cada caso é individual” e que muitas pessoas têm razões fortes para querer ir a Portugal.
Vários países, incluindo Alemanha, França, Canadá, Holanda ou Itália, decidiram suspender todas as viagens a partir do Reino Unido, após o aparecimento de uma nova variante do SARS-CoV-2 que seria até 70% mais contagiosa.
Os países da União Europeia (UE) vão reunir-se hoje, ao mais alto nível político, para coordenar respostas à nova variante do SARS-CoV-2 descoberta no Reino Unido, numa reunião de emergência convocada pela presidência alemã do Conselho.
Nas últimas 24 horas, o Reino Unido registou 35 mil novas infeções, quase o dobro de há uma semana, enquanto que o número de mortos subiu em 236, para um total de 67.401 desde o início da pandemia covid-19.
LUSA/HN
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