Alemanha avisa que melhoras trazidas pelas vacinas vão demorar meses

30 de Dezembro 2020

As autoridades alemãs lembraram esta quarta-feira que o coronavírus está disseminado em todas as camadas da população e alertaram que a melhora da situação epidemiológica devido à campanha de vacinação iniciada recentemente demorará meses.

“A propagação do vírus já atingiu todas as idades”, disse o presidente do Instituto Robert Koch (RKI), Lothar Wieler, depois de a entidade, que é responsável pelo controlo e prevenção de doenças no país, ter contabilizado 1.129 vítimas mortais causadas por Covid-19 nas últimas 24 horas, ultrapassando, pela primeira vez na Alemanha, a barreira de mil mortes num só dia.

A campanha de vacinação “é a maior da história da Alemanha”, disse o ministro da Saúde, Jens Spahn, que descreveu o seu início como um sucesso e lembrou que, nos três primeiros dias, foi injetada a primeira dose da vacina em 60 mil pessoas.

O objetivo do Governo alemão é distribuir cerca de 1,3 milhões de doses até ao final do ano e 14 milhões no primeiro trimestre de janeiro, tendo como meta a disponibilização da vacina a todos os cidadãos que o desejarem – “será gratuita e voluntária”, segundo sublinhou – a meio do próximo ano.

No entanto, disse, a Alemanha “ainda está muito longe” de voltar “à normalidade” avisando que a situação atual não permite voltar “ao período anterior às restrições”.

O ministro expressou confiança de que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, aprovada hoje pelas autoridades reguladoras do Reino Unido, deverá receber aprovação para a Europa “em breve”.

Spahn defendeu que serão necessárias “muitas vacinas seguras” e que o aumento da produção depende da sua diversificação.

Até agora, lembrou, a vacinação limita-se à vacina da alemã BioNTech e da sua parceira norte-americana Pfizer, mas aguarda-se a aprovação da vacina da Moderna na próxima semana.

Ainda assim, alertou Lothar Wieler, “os efeitos sobre a evolução epidemiológica da vacina vão demorar meses”.

O presidente do Instituto Paul-Ehlich, Klaus Cichulek, também referência na Alemanha, acrescentou que, até a toma da segunda dose – cerca de duas semanas após a primeira – a imunidade máxima não é atingida.

Além de registar um número recorde de mortes diárias, o RKI também contabilizou hoje um total de 24.740 novas infeções, abaixo do máximo de 33.777 pessoas infetadas num só dia registado no início de dezembro.

É preciso levar em conta, lembrou Wieler, que são feitos menos exames na época de férias e que a atualização dos números de óbitos é mais lenta.

Segundo o responsável, é necessário olhar, não tanto para os dados diários do número de mortos, mas sim para os acumulados ao longo de sete dias, para poder avaliar a tendência com maior precisão.

A Alemanha registou 1.687.185 de casos de infeções desde o início da pandemia no país (que tem 83 milhões de habitantes), dos quais 1.302.600 conseguiram recuperar. O número de mortos é de 32.107.

A incidência semanal por cada 100.000 habitantes é de 141,3 casos, abaixo da máxima de 197,6 registada em 22 de dezembro. A partir dos 50 casos em sete dias, o RKI considera que a zona é de risco.

O próprio ministro da Saúde antecipou na terça-feira, na televisão pública ARD, a perspetiva de estender as restrições até depois do inicialmente previsto – 10 de janeiro -, embora sem especificar o nível das medidas a impor.

A chanceler, Angela Merkel, e os líderes regionais, responsáveis pela implementação local das medidas, devem reunir-se no dia 04 de janeiro para avaliar a situação.

As lojas não essenciais estão fechadas desde 16 de dezembro e os estabelecimentos de animação noturna, cultural e gastronómica desde o início de novembro.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.775.272 mortos resultantes de mais de 81,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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