Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês inicia périplo por África

4 de Janeiro 2021

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, inicia esta segunda-feira um périplo por África que se prolonga até 09 de janeiro, cumprindo com uma tradição de duas décadas da diplomacia chinesa.

Wang vai visitar Nigéria, República Democrática do Congo, Tanzânia, Botsuana e as Seychelles.

Há mais de duas décadas que o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês começa sempre o ano com uma viagem ao continente africano.

Este ano, a visita surge numa altura em que a pandemia da Covid-19 destruiu as economias africanas, agravando a crise da dívida de vários países do qual Pequim é um importante credor.

A África subsaariana enfrenta a sua primeira recessão em 25 anos, levando muitos países a pedir um perdão da dívida aos membros do G20, grupo que reúne as nações mais ricas do mundo.

Os credores chineses suspenderam o reembolso de 2,1 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) em juros, que deveriam ter sido pagos em 2020. Foi o valor mais alto entre os países do grupo do G20, segundo o ministro das Finanças da China, Liu Kun.

No entanto, o montante suspenso pela China é apenas parte dos 13,4 mil milhões de dólares (10,9 mil milhões de euros) que o país asiático tinha previsto receber, em 2020, dos 73 países envolvidos, segundo o Banco Mundial.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, disse que a visita “demonstra a grande importância que a China atribui às suas relações com África”.

O responsável acrescentou que a China vai apoiar os países africanos no combate ao vírus e na recuperação económica. O porta-voz apontou ainda para a cooperação no âmbito do plano internacional de infraestruturas lançado por Pequim, “uma faixa, uma rota”, que inclui a construção de portos, aeroporto ou linhas ferroviárias.

Analistas consideram, no entanto, que a crise da dívida levou o Banco de Importação e Exportação da China (Eximbank) e o Banco de Desenvolvimento da China (BDC), as duas principais instituições chinesas que concedem empréstimos a países africanos, a tornarem-se mais cautelosos, passando a exigir provas sobre a viabilidade dos projetos.

A visita de Wang Yi servirá ainda para preparar o Fórum de Cooperação entre China e África, que será organizado, no final do ano, no Senegal.

O país asiático tornou-se, em 2009, o maior parceiro comercial de África.

Segundo a universidade norte-americana Johns Hopkins, o Governo, bancos e empresas da República Popular da China emprestaram cerca de 143 mil milhões de dólares (131 mil milhões de euros) aos países africanos, entre 2000 e 2017.

A visita surge também numa altura em que a China, Europa ou Estados Unidos começam a vacinar as suas populações.

A vacina contra o novo coronavírus é vista como uma oportunidade para estender influência geopolítica e ganhar a simpatia dos países africanos. O Governo chinês tem sublinhado a importância de disponibilizar uma vacina para os países mais afetados do continente.

LUSA/HN

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