Federação dos Médicos defende negociação com setor privado e social

24 de Janeiro 2021

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) defendeu hoje a negociação de acordos com o setor privado e social de forma a reforçar a resposta à pandemia da covid-19 e exigiu também uma “operacionalização transparente” da vacinação.

Em comunicado, a federação que junta os sindicatos médicos regionais do Norte, Centro e Sul, enumera um conjunto de medidas que considera “fundamentais” no combate à pandemia do novo coronavírus nesta que é a segunda semana em que Portugal tem registado novos máximos diários de mortes e infeções.

“A progressão avassaladora da covid-19 em Portugal exige que todos nós, individualmente e de forma organizada, procuremos as melhores soluções no sentido de conter a transmissão da infeção na comunidade, o maior problema com que nos deparamos atualmente”, refere a FNAM.

Os médicos somam também a convicção de que tem de existir “a todos os níveis, nacional e local, político e social, uma elevada consciência da gravidade da situação que permita a adoção de atitudes e comportamentos coerentes, colaborativos e adequados ao momento complexo que vivemos na saúde e consequentemente do ponto de vista social, económico e cultural”.

“Aumentar a capacidade de resposta do SNS [Serviço Nacional de Saúde], ao nível dos cuidados de saúde primários — saúde pública e centros de saúde — para travar o contágio na comunidade, acompanhar as pessoas com doença ligeira a moderada por SARS CoV-2 e manter a vigilância de saúde, designadamente, de grupos de risco e grupos vulneráveis”, é uma das medidas defendidas pela FNAM.

Já para “constituir equipas ao nível dos cuidados de saúde de proximidade e dos hospitais”, a federação quer que a tutela contrate “todos os médicos e outros profissionais de saúde disponíveis”.

Outra das medidas “urgentes e inadiáveis” elencadas é a negociação das condições de trabalho que “permitam manter e atrair médicos para o SNS, quer para o tempo de pandemia quer para a recuperação de atividade assistencial”.

“Continuar a negociação de acordos com os setores privado e social, no sentido de reforçar a resposta hospitalar à COVID-19, aplicando, em última instância, e em caso de necessidade ditada pelo interesse público, as salvaguardas definidas na Lei de Bases da Saúde”, lê-se também no comunicado.

Quanto à vacinação, os médicos exigem que seja vacinado “o maior número possível de pessoas e no mais curto período de tempo, de acordo com uma tabela de prioridades com base em critérios científicos e com uma operacionalização transparente”.

“[É fundamental] chamar a atenção para o nível de desorganização e de ineficácia da atuação dos gestores, nomeadamente hospitalares, na preparação e gestão corrente da situação atual, que representa um elevado nível de exigência em termos de necessidades de saúde e de sobrecarga das instituições e dos profissionais”, considera, por fim, a FNAM.

Para a federação, esta “é hora de ação” e “todas as instituições têm de colocar acima de tudo os interesses gerais e públicos, respeitando princípios transparentes e apostando nas pessoas, em particular nos seus profissionais de saúde”.

A FNAM alerta para o “perigo de rotura iminente dos serviços de saúde”, apontando que este risco “não pode ser equacionado apenas ou fundamentalmente do ponto de vista de ocupação de camas, mas também no défice de estratégia de decisão política e na adoção de medidas preventivas a montante, na saúde e na sociedade, ao nível do planeamento e da ação”.

“A colaboração em rede, organizada e estruturada, de todas as entidades de saúde e científicas, envolvidas ou a envolver, permitirá melhorar a resposta às comprovadas e inéditas necessidades em saúde que vivemos em Portugal”, aponta a federação que termina o texto com uma saudação à “responsabilidade, trabalho e empenho” dos médicos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.107.903 mortos resultantes de mais de 98,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, enquanto em Portugal morreram 10.194 pessoas dos 624.469 casos de infeção confirmados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

NR/HN/LUSA

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