Custo de 853 internamentos sociais em hospitais em março supera 16 ME

27 de Maio 2021

O número de internamentos sociais nos hospitais está em queda, mas as 853 camas ocupadas sem justificação clínica em março representavam um custo superior a 16 milhões de euros e deviam-se sobretudo à falta de vagas em instituições sociais.

A informação consta da 5.ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais, promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que reporta dados recolhidos a 17 de março – quando Portugal se encontrava no final da terceira vaga de covid-19 – e engloba 43 unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e Serviço Regional de Saúde da Madeira.

Os 853 casos de internamentos inapropriados sinalizados nesta data representam uma queda de 45% face à 4.ª edição do barómetro, em fevereiro de 2020, e correspondiam a 5,4% do total de internamentos no país a meio de março, que era de 15.675.

Na 4.ª edição do barómetro foram sinalizados 1.551 internamentos inapropriados, que correspondiam a 8,7% do total de internamentos e a quase 120 mil dias de ocupação injustificada de camas hospitalares.

Os 853 internamentos por motivos sociais assinalados em março tiveram uma duração média de 33,6 dias, uma redução de 57% em comparação com fevereiro de 2020 (com uma média de 77,4 dias), e representaram aproximadamente 29 mil dias de ocupação de camas hospitalares.

Segundo estimativas apresentadas no barómetro, os casos de internamento por motivos sociais apurados em março representavam um custo de 16,3 milhões de euros para o Estado, mas numa extrapolação para um custo anual, estas camas ocupadas por motivos sociais podem representar um custo de mais de 100 milhões de euros.

Ainda assim, consequência da redução do número de camas ocupadas por questões sociais em relação às identificadas na edição de 2020, o custo é bastante inferior aos quase 47 milhões de euros que custaram os 1.551 internamentos inapropriados em 2020.

Aos 853 internamentos inapropriados nos serviços de internamento médico e internamento cirúrgico, somam-se 159 internamentos sem justificação clínica nas unidades psiquiátricas, que representam 26% do total de 614 internamentos nestas unidades.

A falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e das Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) são as principais causas que justificam os internamentos sociais, com a incapacidade de garantir admissões na RNCCI a ganhar um peso percentual crescente nestes internamentos nas últimas três edições do barómetro.

O abandono, que foi em 2019 e 2020 a segunda principal causa dos internamentos inapropriados, foi este ano substituído nessa posição pela falta de resposta das ERPI, causa de 18% dos internamentos sociais em março.

A falta de resposta da RNCCI também se destaca numa análise regional como principal causa, mas há exceções como o Algarve, onde 38% dos internamentos sociais dizem respeito a crianças e jovens que aguardam decisões judiciais ou da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens; ou o Alentejo, onde a incapacidade de dar resposta por parte da família e dos cuidadores tem igual peso (29%) à espera por uma vaga na RNCCI.

No conjunto de internamentos inapropriados, as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Norte representam aproximadamente 75% destes casos, sendo que só a região Norte é responsável por quase metade dos internamentos sociais (420, que representam 49% do total).

Na caracterização dos doentes em internamento inapropriado os homens são o género mais representado (51%) e a maioria (77%) tem mais de 65 anos.

“O fenómeno dos internamentos sociais tem um elevado impacto no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar, mas também no aumento dos tempos de espera para internamentos programados e, consequentemente, na respetiva degradação dos cuidados de saúde”, refere o comunicado que acompanha os resultados do barómetro.

Acrescenta ainda que o objetivo deste barómetro é “monitorizar e caracterizar este fenómeno crítico no sistema de saúde português e reforçar a importância de desenvolvimento de soluções conjuntas entre as diferentes entidades envolvidas, de forma a minimizar os impactos e melhorar o serviço de saúde prestado aos portugueses”.

LUSA/HN

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