Produtor de medicamentos Butantan tem interesse no mercado da África

25 de Julho 2021

O Instituto Butantan, produtor da CoronaVac no Brasil e investigador de uma nova vacina contra a covid-19 (ButanVac), venderá vacinas à América Latina e tem interesse no mercado africano, disse o governador de São Paulo, João Doria.

Em entrevista à Lusa, Doria explicou que a ButanVac, uma vacina contra a covid-19 em fase de testes cuja pesquisa e fabrico serão realizadas pelo Butantan, instituto de investigação científica ligado ao governo regional de São Paulo, será usada no plano de vacinação do estado que deverá começar em janeiro de 2022. Além disso, o medicamento tem interessados por parte de países da América Latina e São Paulo está disponível para negociar com países africanos.

“A ButanVac será uma vacina eficaz, segura e mais barata do que as demais, ela custará um quarto do que custa a mais barata vacina hoje disponível no mercado latino-americano”, afirmou o governador paulista.

Desenvolvida a partir de uma tecnologia similar a da produção das vacinas contra a gripe – medicamento que o Butantan é um dos maiores produtores globais -, a ButanVac iniciou teste de fase 2 e 3 no Brasil neste mês e ainda precisa concluir algumas etapas até ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador de medicamentos do país.

Questionado se países africanos procuraram o Butantan para obter informações sobre a Butantan, que tem um preço interessante para nações em desenvolvimento e com dificuldade de competir com países ricos no mercado global de vacinas, o governador paulista disse estar aberto a propostas e confirmou esperar que o medicamento seja aprovado em 2021.

Quanto a manifestações de interesse, Dória regista de “países da América Latina”, mas “países do continente africano ainda não. Se procurarem, o Butantan estará disponível para atendê-los. O Butantan já forneceu vacinas contra a gripe para vários países da África, incluindo os países de língua portuguesa. Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Timor-Leste e São Tomé já adquiriram vacinas contra gripe produzidos pelo Butantan”, explicou Doria.

Além da ButanVac, o Instituto também espera iniciar o fabrico de todas as etapas da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, cuja matéria-prima já é empacotada no Brasil.

“Nós teremos duas vacinas. A ButanVac produzida integralmente aqui, insumos e o envase, no Butantan (…) já temos envasadas 10 milhões de doses, até outubro teremos 40 milhões de doses aguardando apenas aprovação da Anvisa para disponibilizar a vacina”, contou o governador.

“Teremos também a [produção local da] CoronaVac, numa nova fabrica que está a ser finalizada (…) que já está com todos os equipamentos instalados e, a partir de janeiro, estaremos produzindo também a Coronavac no Brasil (…) Se houver esta procura, o Butantan certamente atenderá. Nós poderemos produzir em cada uma das duas fábricas um milhão de doses de vacinas por dia. São 2 milhões de doses por dia e ao final de um mês serão 60 milhões de doses”, acrescentou.

Doria contou que os presidentes de Cabo Verde, Jorge Fonseca, e de Moçambique,Filipe Nyusi, confirmaram presença na cerimónia de reabertura do Museu da Língua Portuguesa no Brasil, na cidade de São Paulo, no dia 31 de julho, e ao ser perguntado se o governo paulista pretendia levar os chefes de Estado africanos para conhecer as fábricas de vacinas do Butantan, respondeu afirmativamente.

“Esperamos que eles tenham tempo e oportunidade para fazer esta visita ao Butantan”, concluiu Doria.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar quase 550 mil vítimas mortais e mais de 19,5 milhões de casos confirmados de covid-19.

LUSA/HN

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