O alarme foi dado pelo Conselho Científico de França no seu relatório de outubro, que estimou que uma em cada cinco camas dos hospitais públicos estavam fechadas devido à falta de profissionais, com base em dados das grandes estruturas hospitalares do país.
Alertou ainda que é impossível excluir que o sistema volte a ser sobrecarregado perante uma nova subida de casos de covid-19.
O “elevado número” de vagas”, o número significativo de camas fechadas, uma atividade nas urgências que recuperou o nível de setembro de 2019, pré-covid, e o elevado número de doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2, que na quinta-feira rondava os 6.500, fazem com que o Conselho Científico assinale no seu relatório que a saúde francesa está “em sofrimento”.
O Conselho Científico generaliza a sua análise a nível nacional, mas os centros hospitalares universitários salientaram na sexta-feira que a realidade difere de um hospital e de uma área para outra: na região de Paris a percentagem de camas fechadas varia entre 14 a 18%, e de 1 a 12% noutras partes do país, refere a agência espanhola Efe.
O balanço dos centros hospitalares universitários tenta contextualizar a situação, afirmando que existem fatores estruturais, como o facto de alguns cuidados serem encaminhados para ambulatório, e outros conjunturais, face à dificuldade “persistente” na contratação e às vagas pontuais ou duradouras existentes em cargos médicos ou não médicos.
O encerramento de camas não significou uma diminuição proporcional da atividade, porque as equipas reforçaram as suas medidas no auge dos recursos disponíveis, e a diminuição de 7% dos cuidados hospitalares foi compensada por um aumento de 7% nos cuidados prestados nos cuidados ambulatórios, adiantam em comunicado.
O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, admitiu na quarta-feira, em declarações ao jornal Libération, que alguns hospitais foram obrigados a fechar camas devido à falta de casas de banho e, sobretudo, à dificuldade de contratar novos profissionais.
O porta-voz do Governo, Gabriel Attal, foi mais longe, culpando os anteriores executivos pela situação, alegando que em quatro anos de mandato “não se corrigem trinta”.
Avançou ainda que foi lançada uma investigação em todos os estabelecimentos para apurar os números precisos, para ajudar a atenuar o problema.
O instituto de investigação DREES salientou em setembro que, entre o final de 2019 e o final de 2020, o número de camas de internamento completo diminuiu 1,5%, situação que tem vindo a ser agravada pela pandemia.
Parece haver consenso de que a situação mais crítica afeta os enfermeiros.
Segundo a Federação de Hospitais de França, existe entre 3% a 5% de postos de enfermagem vagos e o absentismo ao trabalho passou de 8,5% antes da pandemia para 10% atualmente.
LUSA/HN
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