Alargamento da Casa Acreditar de Lisboa vai arrancar este ano para receber mais famílias

31 de Março 2022

A Casa Acreditar de Lisboa vai começar a ser ampliada este ano para poder acolher mais famílias que estão longe de casa e que precisam de acompanhar os filhos em tratamento no Instituto Português de Oncologia, disse esta quinta-feira a diretora-geral da associação.

A obra de alargamento da casa, que neste momento tem capacidade para 12 famílias em simultâneo, e com o edifício cedido pela Câmara de Lisboa vai ser possível acolher mais 20 famílias.

Esta obra já devia ter arrancado, mas a pandemia atrasou o processo, de acordo com a diretora-geral da associação, Margarida Cruz, que salientou que a ampliação é essencial perante a necessidade das famílias.

Doze quartos “é muito pouco” para a necessidade que existe, sobretudo, em Lisboa, onde são tratadas cerca de metade das crianças que são diagnosticadas com cancro no país, disse Margarida Cruz, que falava à agência Lusa a propósito do 19.º aniversário da Casa de Lisboa, assinalado no dia 01 de abril.

Há ainda crianças que vêm dos PALOP [Países Africanos de língua Oficial Portuguesa], ao abrigo do acordo de cooperação, cujas famílias precisam de “um grande apoio” em termos de alojamento.

“Estamos a falar de famílias que normalmente ficam em média três anos numa casa”, disse, sustentando: “Se para as outras famílias é muito importante para estas é crucial”.

Por todas estas razões, a casa de Lisboa tem “uma enorme pressão”: “Há anos em que temos um grande número de famílias. Já chegámos a ter, por exemplo, 130 inscrições num ano e há anos, como no ano passado, que tivemos 36 famílias”.

Em 2021, a Casa de Lisboa esteve praticamente sempre cheia porque muitas não puderam sair ao longo do ano, não havendo por isso rotatividade.

“Temos muitas famílias com uma longa permanência em Lisboa, o que tem tornado muito difícil o funcionamento da casa que está sempre com lista de espera”, lamentou.

Pela Casa Acreditar de Lisboa, situada junto ao Instituto Português de Oncologia (IPO), já passaram 1.695 famílias desde que foi criada.

Esta foi a primeira das três casas residenciais fundadas pela Acreditar – Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro, à qual se seguiu a Casa de Coimbra e mais tarde a do Porto.

“Estas casas têm uma importância fundamental para as crianças, sobretudo, para aquelas que têm que se deslocar desde as suas casas para os hospitais dado que só existe tratamento oncológico no Porto, em Coimbra e em Lisboa”, disse Margarida Cruz.

Alguns tratamentos também são feitos na Madeira, mas uma boa parte das famílias acaba por ter que se deslocar para o continente, bem como famílias dos Açores.

“Para estas famílias todas é essencial ter um sítio para ficar”, afirmou, explicando que nas casas ficam muitas vezes a criança ou o jovem doente, a mãe e o pai e às vezes os irmãos.

Como os tratamentos oncológicos são cada vez mais feitos em regime de ambulatório, e não em internamento, é importante estas famílias terem “um sítio confortável para ficar durante todo o tempo que dura o tratamento e, desse ponto de vista, estas casas são cruciais”, salientou.

Neste momento, a Acreditar está a conter a entrada de famílias nas casas porque está a aguardar a chegada de famílias de crianças com cancro da Ucrânia, tendo disponibilizado para este fim 12 quartos distribuídos pelas casas de Lisboa, Coimbra e Porto.

Margarida Cruz explicou que mobilizou este acolhimento após o Ministério da Saúde ter disponibilizado 12 camas pediátricas de oncologia, solicitadas pelo Mecanismo Europeu de Proteção Civil, para receber crianças ucranianas com cancro.

Nas casas da Acreditar, as crianças, os jovens e as suas famílias não pagam nada. Além de terem um quarto com uma casa de banho privativa, têm uma cozinha comum, salas de estar e uma lavandaria.

Têm também o apoio emocional que precisam para que os tratamentos possam ser um bocadinho menos dolorosos e a vida destas famílias ser também bocadinho mais facilitada.

LUSA/HN

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