ONG venezuelana procura padrinhos portugueses para atender crianças em risco

1 de Janeiro 2023

Fundada há mais de 26 anos e conhecidos pela atenção que prestam aos infantes, a associação “Hogares Bambi” procura “padrinhos portugueses” para ajudar a garantir um futuro digno para crianças venezuelanas em situação de risco.

“Desde um pouco antes da pandemia (da covid-19), as coisas já se tinham complicado, ficando difíceis por causa da crise que estamos a atravessar (…) A Bambi é uma instituição que exige muito de nós, porque tentamos dar a estas crianças tudo o que elas precisam”, explicou a diretor de relações institucionais e angariação à Agência Lusa.

Maria Alexandra Muñoz-Tébar sublinhou que têm cinco lares em San Bernardino, Caracas, onde acolhem crianças que “estão vacinadas, têm educação privada” e outras coisas “que não teriam em casa se não fosse pela ajuda que lhes procuramos”.

“Eles recebem as suas refeições (diárias), têm sido formados, mas tem ficado muito difícil para nós, para as pessoas e instituições que nos ajudam, na Venezuela, por causa da crise. Por isso, nos últimos voltamo-nos para as pessoas do estrangeiro, é com a ajuda delas estamos hoje a sobreviver e a dar a estas pequenas crianças tudo o que elas merecem”, disse.

Por outro lado, “estamos à procura da comunidade portuguesa para que nos possam ajudar”.

“Que venham, que nos conheçam, que vejam o que fazemos, como o fazemos, e vão partir apaixonados e com vontade de nos ajudar, com o coração ‘inchado’ (sensibilizado), sabendo como é fácil ajudar”, disse.

Muñoz-Tébar sublinhou que têm “um belo programa” que se chama “Padrinho” e que consiste em “apadrinhar uma criança como afilhado, ajudar no seu sustento e visitá-la periodicamente”.

“Muitas das nossas crianças o que precisam é de amor, que o seu padrinho venha e lhes dê um abraço, que lhes chame no seu aniversário, e isso é tão valioso para nós como a contribuição económica que esse padrinho possa lhes dar”, explicou.

O apelo de Muñoz-Tébar vai também para a Embaixada de Portugal na Venezuela. “Quando as pessoas sabem de nós, do que fazemos, nos ajudam porque veem a qualidade do que fazemos (…) Bambi tem uma mais-valia que é a transparência. Sempre que quiserem podem vir e ver onde está a ajuda que nos dão, seja em bens (alimentares) ou em dinheiro”, disse.

“Temos tido bebés que chegaram com 24 horas de nascidos, que foram abandonados nos hospitais, deixados na rua, à porta de uma igreja, ou mesmo às portas da nossa instituição”, disse, precisando que acolhem 130 crianças nos cinco lares.

Segundo Dayany Sanchez os lares contam com “uma equipa multidisciplinar composta por assistentes sociais, educadores, médicos e psicopedagogos, que se dedicam a restaurar estes direitos abrangentes, principalmente baseados no amor e no afeto”.

As crianças, disse, chegam referidas pelos organismos competentes, conselhos de proteção, conselhos municipais e tribunais de proteção e são atendidas para que possam voltar a integrar-se às suas famílias, que recebem também atenção e são canalizadas para distintos programas.

“Temos um programa de colocação familiar e também oferecemos orientação em temas de adoção”, frisou, sublinhando que as crianças recebem formação em “ferramentas para a vida, formação académica, universitária, técnica e profissional”.

Da direção da Bambi faz parte também Federica Vinaccia, desde há mais de 20 anos. Começou como voluntária quando tinham apenas um lar e está cada vez mais “enamorada” do que fazem.

“São tempos complicados para conseguir recursos. Muitas coisas mudaram e as crianças hoje chegam em situações ainda mais difíceis, necessitando de operações (médicas), hospitalizações, e nós cobrimos todas essas necessidades”, disse à Lusa.

Orgulhosa, Federica diz que é também “avó Bambi”, de raparigas que cresceram naqueles lares e que agora têm filhos, e que continuam a telefonar-lhe no Dia da Mãe e de aniversário.

NR/HN/LUSA

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