Movimento Cívico de Coimbra quer promover a humanização dos cuidados de saúde

28 de Abril 2023

Um conjunto de cidadãos de Coimbra decidiu constituir um movimento cívico para “pôr em prática a outra metade da medicina”, promovendo a humanização dos cuidados de saúde na cidade, revelou hoje o médico João Pedroso de Lima.

“Somos um movimento constituído por pessoas e, como pessoas, aquilo que pretendemos defender é o nosso direito de sermos tratados de uma forma humanizada, adequada, completa, pelas nossas instituições de saúde, quando a elas recorremos. Para isso, é necessário que se dê a possibilidade da outra metade da medicina se exprimir completamente”, sustentou.

Durante a sessão de apresentação pública do Movimento Cívico Humanizar a Saúde em Coimbra, que decorreu esta tarde no Seminário Maior, o seu responsável destacou a importância do cuidar e o impacto positivo que a empatia e a compaixão podem ter nos cuidados de saúde.

Para João Pedroso Lima, a humanização deve estar no mesmo patamar que a parte técnica da medicina, já que, defendeu, a empatia de um médico pode fazer toda a diferença.

“Como dizia o professor Rui Mota Cardoso, a outra metade da medicina é a da arte de saber fazer medicina e não a da técnica de fazer o saber da medicina. É a metade do que pensa o doente antes da doença, o sofrimento antes do sintoma, o cuidador antes da prescrição: a outra metade da medicina é, afinal, a metade da relação de ajuda e é isso que queremos fazer”, justificou.

Ao longo da sua intervenção, o médico vincou o caráter urgente da medicina ser humanizada, numa sociedade que é cada vez mais tecnológica e em que a saúde se transformou numa verdadeira empresa, em que só os números contam.

Para ajudar a promover esta cultura de humanização da saúde, o movimento cívico vai levar a cabo, no dia 28 de setembro, o Encontro dos Bons Exemplos, que servirá para partilhar o que de melhor se faz nesta área.

Nas ações que o movimento cívico pretende levar a cabo figura ainda a ida a escolas do ensino secundário, para vincar a necessidade de se incutir empatia e compaixão nos mais novos, pois “é de pequenino que se torce o pepino”.

A iniciativa “Profissionais de Corpo Inteiro” levará o movimento cívico a escolas de ensino superior, estando ainda prevista a divulgação do conceito “Cuidar: a outra metade da medicina”.

O responsável anunciou ainda a pretensão do movimento em dar assistência em situações de deficiência intelectual e de criar uma provedoria do doente.

Através deste mecanismo, os utentes poderão fazer chegar ao movimento cívico relatos de situações “que não são conformes com uma humanização dos cuidados de saúde”.

“Nós analisaremos essas situações que nos forem eventualmente apresentadas e, se houver necessidade, vamos ter com as instituições e, de uma maneira positiva e construtiva, vamos tentar sensibilizar para a alteração ou correção de algo que não esteja bem nas instituições de saúde”, realçou.

De acordo com o médico, um inquérito que realizou e que contou com quase 500 respostas, permitiu-lhe constatar que “há um descontentamento significativo na maneira como as pessoas são tratadas nos serviços de saúde”.

A maior parte das pessoas – 98% – “acham que é necessário haver bastante mais humanização nos cuidados de saúde. É por isso que nós iremos lutar”, concluiu.

Para além do especialista em Medicina Nuclear do Centro Hospitalar e Universitário (CHUC), compõem este movimento cívico Nuno Santos, Filomena Girão, Helena Albuquerque Marcela Matos, Joana Araújo e Teresa Monteiro.

LUSA/HN

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