APMGF diz que SNS tem potencial para fazer mais

12 de Dezembro 2023

Os médicos de família fizeram hoje “um balanço neutro” do primeiro ano de atividade da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), considerando que “há potencial para fazer mais”, apesar da sobrecarga de trabalho.

“Somos menos médicos de família, temos mais utentes sem médicos de família atribuído. (…) A carência de recursos humanos obriga a dar uma maior carga de trabalho para os profissionais que lá ficam e, portanto, a situação não só não melhorou como progressivamente se vai agravando”, adiantou à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto.

A DE-SNS, liderada pelo médico Fernando Araújo, tomou posse há um ano, mas só entrou em pleno funcionamento em 01 de janeiro, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado.

Fernando Araújo foi presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de S. João, no Porto, e foi secretário de estado do antigo ministro socialista Adalberto Campos Fernandes (2015 a 2018).

De acordo com Nuno Jacinto, a falta de médicos de família tem repercussão nos doentes e sobre os outros clínicos do SNS.

“Se pedirem para fazer um balanço nesta altura, não será um balanço nem positivo nem negativo, é um balanço neutro, com todas estas limitações que a direção executiva foi sentindo, mas pensamos que há potencial ainda para fazer mais, há boas ideias ali pelo meio”, realçou.

À Lusa, o dirigente da APMGF apontou para a falta de “alguma capacidade maior diálogo com quem está no terreno” e, em alguns casos, “de correção das estratégias ou, pelo menos, de uma maior explicitação, como é caso das ULS [Unidade Local de Saúde]”.

“O problema não será só da direção executiva [do SNS] tem também a ver com a interação com o Ministério da Saúde, com o próprio Ministério das Finanças, que tem sido também aqui muitas vezes um obstáculo a muitas situações”, afirmou.

Nuno Jacinto ainda recordou as negociações entre o Governo e os sindicatos representativos dos médicos, dizendo que as perspetivas “não são as melhores”.

“Continuamos a olhar com muita apreensão para o futuro a médio e a curto prazo. Tem de haver uma valorização e um respeito muito maior por aquilo que é o nosso trabalho e continua a não haver uma aposta clara nos cuidados de saúde primários. Há muitas palavras bonitas sobre o nosso trabalho, mas depois ações concretas são poucas”, acusou.

LUSA/HN

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