A proposta da DGS, com o “conhecimento à altura”, foi de imunizar os recém-nascidos nos meses de circulação do VSR, “estratégia que permite minimizar a carga de doença nos bebés mais vulneráveis”, referiu a direção-geral à agência Lusa.
Na última semana, os peritos em imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendaram aos países a adoção da “imunização passiva” contra o VSR, que pode ser implementada através da vacinação das grávidas no terceiro trimestre de gestação ou então pela administração de um anticorpo monoclonal em recém-nascidos.
Segundo a OMS, os estudos já realizados comprovaram a segurança da vacinação materna, o que levou o Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE, na sigla em inglês) da OMS a recomendar uma dose única da vacina a administrar entre as 24 e as 36 semanas de gestação como forma eficaz de prevenção de doenças graves associadas ao VSR nos recém-nascidos.
A DGS avançou que a proteção contra a infeção pelo VSR mereceu uma “avaliação conjunta entre as vacinas e anticorpos disponíveis” por um grupo de trabalho que contou com elementos da Comissão Técnica de Vacinação e de peritos em pediatria para avaliar qual a melhor estratégia.
“Neste sentido, a vacinação da grávida e a imunização do recém-nascido têm o mesmo objetivo de proteção”, assegurou a direção-geral, ao reiterar que a epidemiologia da infeção em Portugal, o risco acrescido de desenvolvimento de doença grave e hospitalização estiveram na base desta decisão.
Em Portugal, o início da imunização gratuita de crianças contra o VSR, que estava inicialmente prevista para o início do mês, foi adiado para 15 de outubro devido a razões logísticas relacionadas com a disponibilidade e entrega das doses.
De acordo com a DGS, que prevê imunizar 62 mil crianças, a imunização contra a infeção pelo VSR estará disponível em maternidades dos setores público, privado e social para as crianças nascidas entre 15 de outubro de 2024 e 31 de março de 2025.
Será também disponibilizada nas unidades do Serviço Nacional de Saúde para as crianças nascidas entre 01 de agosto de 2024 e 14 de outubro de 2024, assim como para crianças com fatores de risco definidos.
“O alargamento a outros grupos será avaliado no futuro, de acordo com a evolução do conhecimento”, adiantou ainda a direção-geral.
A OMS considerou ainda que o anticorpo monoclonal de ação prolongada, quando administrado a recém-nascidos pouco antes ou durante a época de infeções, demonstrou ser “altamente eficaz na prevenção de doenças respiratórias inferiores associadas ao VSR nos primeiros seis meses de vida”.
Segundo a OMS, a infeção por VSR causa uma carga substancial de infeções nas vias respiratórias inferiores, estimando que perto de 97% da mortalidade relacionada ocorra em países de baixo e médio rendimento, com mais de 100 mil óbitos anuais em crianças com menos de cinco anos.
Este vírus, considerado bastante contagioso, é a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 12 meses de idade.
Os grupos mais vulneráveis são recém-nascidos e lactentes, bebés prematuros, crianças com doenças cardíacas, pulmonares ou neuromusculares congénitas, crianças com o sistema imunitário enfraquecido e doentes com asma ou com doença pulmonar obstrutiva crónica.
NR/HN/Lusa
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