“O SNS, no modelo atual, se tivesse de estar dotado de condições, tinha de ser dotado de condições para tratar 10 milhões de portugueses. É impossível. Portanto, o que é que faz mais sentido? Aproveitar a capacidade que já existe, fazer com que o Estado faça uma negociação adequada e consiga angariar os recursos necessários para que os portugueses possam beneficiar da capacidade instalada”, disse.
O líder da IL falava aos jornalistas após ter visitado o Hospital da Misericórdia de Vila Verde, em Braga, do setor social com um protocolo com o SNS, que Rui Rocha considerou ser um exemplo do modelo para a saúde que o seu partido defende.
“Muitos portugueses que esperaram pelo SNS meses a fio, anos até, e que só (…) tiveram a oportunidade de beneficiar de serviços [de saúde devido ao papel] que a Misericórdia de Vila Verde presta”, disse, frisando que o seu partido entende que os portugueses “não têm por que esperar” por consultas ou cirurgias.
“Nós temos que usar toda a capacidade instalada na saúde para que os portugueses não passem meses ou anos à espera. É por isso que, na nossa proposta, são os utentes que estão no centro do sistema de saúde português, que decidem onde querem ser tratados”, defendeu.
Rocha reforçou que “não vai acontecer que o SNS tenha capacidade para 10 milhões de portugueses” e voltou a sustentar que é preciso o país aproveitar os recursos que tem para garantir respostas a todos os utentes.
“O que é que importa às pessoas se é público, privado ou social? O que querem é uma solução, é não estar em sofrimento, o que querem é encontrar uma porta aberta”, referiu.
Questionado se assume assim que, com o modelo defendido pela IL, o SNS desaparecerá tal como hoje existe, Rui Rocha disse que é assumir que quem hoje não encontra urgências abertas, está em listas de espera ou não consegue uma cirurgia, irá encontrar uma “solução financiada pelo Estado, regulada pelo Estado”.
Sobre o custo que isso representaria para o Estado, o líder da IL considerou que não seria mais do que o que é gasto atualmente com o SNS, frisando que a sua dotação orçamental tem aumentado todos os anos e não está a ser assegurado “um serviço universal de saúde”.
“Não é preciso gastar mais, é preciso é fazer uma alocação e uma gestão correta de recursos e, mesmo dentro do SNS, há muita coisa a fazer. Nós queremos que o SNS, enquanto tal, tenha mais produtividade, que haja incentivos à produtividade dos profissionais de saúde”, disse, sustentando que é preciso “mudar a gestão do SNS”.
Interrogado se defende o fim da direção executiva do SNS, Rui Rocha disse que “não é esse o caminho” e considerou que essa entidade “tem um papel muito importante”.
“A direção executiva é um órgão muito importante para tirar as decisões de gestão de um ministério que está tomado por clientelas políticas. Portanto, faz todo o sentido que exista uma direção executiva, que tenha competências de gestão e que tome medidas de gestão”, referiu.
Rui Rocha disse que o importante é que a direção executiva seja “bem gerida, com pessoas competentes”, criticando a AD por, no espaço de um ano, ter tido três diretores executivos do SNS.
Questionado se está a elogiar o PS ao considerar que a direção executiva do SNS é importante, Rui Rocha respondeu que está a elogiar “as medidas certas”.
“Vi a AD, em determinados momentos, com muitas dúvidas sobre a questão da direção executiva e falou-se até de retirar poderes à direção executiva. É o caminho errado, porque retirar poderes à direção executiva é devolver poderes à máquina político-partidária instalada no Ministério da Saúde”, considerou.
NR/HN/Lusa
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