O diretor dos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social de Mogovolas, Alimo Chea, explicou à Lusa que, nestas conversações, a organização não-governamental internacional admitiu disponibilidade para “apoiar na reabilitação”, estando já em curso as obras de reposição do sistema de gerador, que foi incendiado por populares, mas não o regresso dos elementos dos MSF ao terreno.
“Os passos subsequentes passam pela reabilitação da infraestrutura externa e o equipamento saqueado aquando das manifestações”, acrescentou, sobre a situação no bloco operatório vandalizado na vila sede de Nametil, naquele distrito do norte de Moçambique, no final de 2024.
Pelo menos quatro centros de saúde estavam encerrados ainda em março, no distrito de Mogovolas, após serem vandalizados, por receios da população após uma onda de desinformação sobre a propagação de cólera, ao mesmo tempo que se registavam manifestações pós-eleitorais em todo o país.
Uma das unidades encerradas pela vandalização foi precisamente o Centro de Saúde da vila de Nametil, num dos distritos mais afetados pelo surto de cólera desde outubro.
Para já, o responsável não avança datas para a reabertura, mas garante que a eventual retoma das atividades do bloco operatório no distrito permitirá deixar de transferir os casos de partos complicados e outros para o Hospital Central de Nampula, maior unidade sanitária da região norte do país: “Não nos podemos oferecer a dizer datas, é uma atividade que depende muito do parceiro”.
Alimo Chea garantiu que com o bloco funcional novamente será possível melhorar o atendimento às grávidas da região.
Contudo, alertou que, apesar da disponibilidade dos parceiros, que já tinham montado o bloco operatório em Nametil, a MSF não mostrou abertura para voltar a trabalhar no distrito nesta fase.
“Infelizmente não retomam as atividades por conta da situação que houve. Eles foram os mais lesados”, lamentou.
Na altura, populares vandalizaram e incendiaram bens materiais dos profissionais da MSF, uma ação que acabou por forçar a saída dos mesmos, bem como o enceramento das atividades no Centro de Saúde de Nametil. No final de 2024, populares não identificados invadiram também residências de membros da MSF, armados com bombas caseiras e instrumentos contundentes.
“Os criminosos amarraram os guardas, incendiaram uma viatura, uma motorizada, e roubaram um telemóvel da organização”, avançou na altura fonte da polícia.
Recentemente, o setor da daúde na província declarou o fim do surto da cólera naquele distrito, que foi o epicentro da doença desde o mês de outubro, estando neste momento ainda ativo nos distritos de Nampula, Larde, Murrupula e Angoche.
lusa/HN
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