“A situação de cólera é muito preocupante (…) devido à sua rápida propagação”, disse, numa conferência de imprensa ‘online’, o epidemiologista Ngashi Ngongo, chefe do Gabinete Executivo dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de África (CDC África).
“Aprendemos lições com o Monkeypox (mpox), em que demos uma boa resposta, porque não fomos país por país, isolados, mas implementámos sim uma resposta continental unificada”, destacou Ngongo.
Segundo o especialista, esta resposta pode focar-se nas necessidades específicas de cada país, mas deve também implementar “algumas intervenções de colaboração transfronteiriça (…) de uma forma muito mais eficaz”.
“Estamos a desenvolver (…) um plano continental”, acrescentou, ao detalhar o apoio oferecido aos países afetados: desde recursos humanos, destacando, por exemplo, epidemiologistas, até material e financiamento.
Durante este ano, o continente já registou 127.409 casos de cólera e 2.597 mortes em 20 países, de acordo com a agência, o que se traduz numa taxa de mortalidade de 2%.
Os países afetados são Angola, Burundi, Comores, República Democrática do Congo (RDCongo), Etiópia, Gana, Quénia, Malaui, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Ruanda, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Tanzânia, Togo, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
No entanto, apenas quatro Estados — RDCongo, Angola, Sudão e Sudão do Sul — concentram 83% das infeções e 92% das mortes pela doença.
No Sudão, a devastadora guerra que assola o país desde abril de 2023 só agrava a crise sanitária e pelo menos 70 pessoas morreram e foram registadas 2.119 infeções apenas nos últimos dois dias no estado onde se encontra a capital, Cartum, conforme confirmado hoje pelo Ministério da Saúde sudanês.
A cólera é uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria ‘Vibrio cholerae’ e está associada principalmente a saneamento deficiente e acesso limitado a água potável.
Pode causar diarreia aquosa aguda grave e, nos casos mais severos, mortalidade, uma vez que a velocidade de propagação depende dos níveis de exposição, da vulnerabilidade da população e das condições ambientais.
Embora seja uma doença tratável que afeta tanto crianças como adultos, pode ser letal se não for tratada a tempo.
lusa/HN
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