Utentes do Hospital de Ponta Delgada não esquecem incêndio “marcante” que lhes “afetou a vida”

2 de Maio 2025

Um ano após o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), o maior dos Açores, os utentes não esquecem o acontecimento "marcante" que lhes “afetou muito a vida” e muitos anseiam pela total requalificação da unidade de saúde.

É o caso do casal Jaime Oliveira, 74 anos, e Diamantina Oliveira, 80 anos, residentes na ilha de São Miguel.

O incêndio no hospital de Ponta Delgada, que ocorreu em 04 de maio de 2024, e que obrigou a deslocalizar serviços e doentes do HDES para outras unidades de saúde na região, para a Madeira e para o continente, já não é tema de conversa diária, mas quando o assunto surge “tudo volta à memória”.

“Foi muito difícil. Afetou-nos a vida de certa forma”, relata Jaime Oliveira à agência Lusa, enquanto se dirige para a sua viatura, após uma consulta no hospital, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

Também a mulher, Diamantina Oliveira, diz à Lusa que o incêndio acabou por lhe “afetar muito a vida” em termos de prestação de cuidados de saúde.

“Afetou literalmente. E, era normal que afetasse, tendo em conta o sucedido, pois, inicialmente, foram canceladas consultas que tinha”, assinala Diamantina, enquanto Jaime diz que viveu os dias pós-incêndio de forma “muito difícil” e “preocupado”.

Após o incêndio, o executivo dos Açores instalou um hospital modular para garantir a transição até à requalificação estrutural do HDES.

Jaime Oliveira concorda que, “no imediato”, tenha sido a solução, mas apenas como uma medida “transitória”.

“Definitivamente, não”, aponta o utente, considerando que a estrutura modular tem “limitações”. Diamantina Oliveira concorda “em pleno” com o marido.

No entanto, reconhece: “para a situação que ocorreu, o hospital modular é melhor do que nada. Mas, como solução definitiva, não”.

Já Miguel Bento, residente em Ponta Delgada, 51 anos, viveu a situação de forma diferente, na perspetiva de utente, a sua, e com a experiência do profissional de saúde, já que tem uma filha enfermeira naquela unidade.

“Foi um bocado preocupante a situação do incêndio”, conta à Lusa, abrandando o passo para explicar que, devido ao acidente, a filha foi deslocada para outra unidade de saúde.

Ela “viu-se muito aflita, com muito trabalho”, afirma à Lusa.

Miguel Bento admite, por outro lado, que “não é perito” para falar na “melhor solução” para fazer face ao incêndio na maior unidade de saúde açoriana. “Mas, se calhar, o investimento que fizeram no hospital modular poderia ter sido canalizado para obras no hospital ou noutro tipo de construção”, considera.

O incêndio foi também marcante para Teresa Leite, 52 anos, residente na freguesia da Ribeira Quente, concelho da Povoação, na ilha de São Miguel.

Teresa Leite tem de percorrer uma distância de aproximadamente 50 quilómetros entre a Ribeira Quente e Ponta Delgada, quando necessita de se deslocar ao hospital.

“Ficámos muito preocupados quando ocorreu o incêndio, porque é o maior hospital da nossa ilha”, confessa, recordando que, na altura, tinha “vários exames marcados” que “acabaram por ser adiados”.

“Ainda não fui ao hospital modular, mas gostava que o antigo estivesse a funcionar em pleno. Tem tudo ali dentro”, reforça.

Em passo apressado, Carolina Melo, 19 anos, admitiu que “não está muito a par do assunto”.

Residente no concelho de Ponta Delgada, a jovem diz que “pouco ou nada” tem recorrido ao Hospital de Ponta Delgada.

“Não venho quase nada ao hospital, graças a Deus. Temos tido todos saúde”, sustenta, assinalando também que desconhece o funcionamento do hospital modular.

Ainda assim, reconhece que “é melhor do que nada”, quando questionada sobre o atual funcionamento da unidade.

Por sua vez, Maria Paula, 53 anos, diz ter uma opinião “muito positiva” sobre a estrutura modular.

“Funciona na perfeição. A logística permite uma maior interação entre médicos, enfermeiros e utentes”, garante Maria Paula, que já teve de recorrer às urgências instaladas no hospital modular.

NR/HN/Lusa

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