Os dados foram reunidos na edição especial Covid-19 do boletim trimestral Norte Conjuntura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN), a que a Lusa teve acesso, e que avaliam os “dois meses consecutivos” (abril e maio) em que Portugal viveu em estado de emergência devido à pandemia do novo coronavírus, com “várias atividades económicas encerradas”.
O aumento do desemprego, que a nível nacional cresceu em 34%, afetava em maio 156.260 pessoas da região Norte, 79.626 dos quais na Área Metropolitana do Porto (AMP), ao passo que as exportações ficaram 1,1 milhões de euros abaixo do período homólogo de 2019, acrescenta o documento.
O Norte Conjuntura refere que a “redução de 42,3% das exportações em abril” surgiu “após uma queda de 16,6% em março”.
“No conjunto dos dois meses, a região exportou menos 1,1 mil milhões de euros do que no período homólogo de 2019, cerca de 11% do valor exportado pela região em 2019”, destaca.
A CCDR-N refere ainda a diminuição do número de horas trabalhadas: menos 33,7% na indústria do vestuário, 33,9% na fabricação de têxteis e 45,3% na indústria do couro e produtos do couro.
“A aplicação das medidas de ‘lay-off’ durante o estado de emergência conseguiu suster uma queda do emprego de amplitude equivalente nas indústrias com implantação mais consolidada na região”, sustenta.
Em abril, “o número de desempregados inscritos nos centros de emprego aumentou em 18.710 face ao mesmo mês de 2019”, um acréscimo de 14,1%.
Em maio, o número subiu para mais 29.600 inscritos do que no mesmo mês de 2019.
A evolução “foi mais grave nas sub-regiões industrializadas”, com o Alto Minho com um crescimento de 52,8% em abril e de 71,3% em maio.
Naquele mês, o aumento do desemprego foi também mais assinalável nas regiões do Cávado (32%), do Ave (31,5%) e do Tâmega e Sousa (28,2%).
“A AMP, com uma estrutura produtiva mais diversificada, observou um crescimento de menor amplitude (20,9%), ainda que, em valor absoluto, tenha sido a que teve o maior aumento de desempregados inscritos nos centros de emprego da região”, refere.
Também em termos absolutos, no Tâmega e Sousa registaram-se, em maio, 19.352 desempregados, no Ave 18.006 e no Cávado 14.041, de acordo com uma tabela incluída no boletim.
No Douro, o desemprego aumento 3,2% (10.488 inscritos nos centros de emprego) e em Trás-os-Montes subiu 12,9% (4.054 inscritos).
Olhando para os concelhos mais exportadores do Norte, a CCDRN constata que o desemprego afetou, sobretudo, Vila Nova de Famalicão (subida de 50,8% no número de desempregados), Braga (27%), Maia (21,3%), Vila Nova de Gaia (11,9%), Guimarães (30,2%), Santa Maria da Feira (30,1%) e Porto (14,9%).
Em Oliveira de Azeméis, a variação foi, em maio, de 73,5%, em Barcelos de 45,2%, em Viana do Castelo de 65,5%, em Vila Nova de Cerveira de 79%, em Felgueiras de 61,6% e de 90,4% em São João da Madeira.
O boletim destaca ainda que, nos meses de confinamento obrigatório, “a atividade turística foi praticamente inexistente”.
Em abril, “as dormidas diminuíram 95,3% e os proveitos totais baixaram 97% face a abril de 2019”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 617.500 mortos e infetou mais de 15 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.702 pessoas das 49.150 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
NR/HN/LUSA
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