Costa frisa que “Geringonça” acabou em 2021 e a escolha é entre ele ou Rio

19 de Dezembro 2021

O secretário-geral socialista afirmou hoje que a “Geringonça” criada em 2015 acabou em 2021, que agora a maioria de esquerda é só com o PS e que a escolha nas próximas eleições é entre ele e Rio.

Esta análise do quadro político nacional foi feita por António Costa no Centro de Congressos de Lisboa, na Junqueira, no final de um encontro nacional de jovens promovido pela JS, durante o qual esta organização apresentou o seu manifesto eleitoral, intitulado “As nossas ideias”.

Perante uma plateia com algumas centenas de jovens socialistas, o líder do PS começou por sustentar que a última coisa que o país desejava era ter eleições legislativas antecipadas e alegou que o seu Governo fez “tudo, tudo, tudo” o que estava ao seu alcance para evitar o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 e para que houvesse eleições na sequência desse chumbo.

“Vou ser muito claro: As eleições têm uma primeira escolha que é saber quem é o primeiro-ministro, um que já conhecem, e outro é [o presidente do PSD] o doutor Rui Rio. Mas, depois, há outra escolha outra fundamental que é saber com que condições é que se ganham as eleições”, apontou.

Neste contexto, António Costa referiu-se de forma resumida à história da “Geringonça”, a solução política de maioria parlamentar de esquerda desde 2015, passando pela experiência das eleições legislativas de 2019.

“Com a autoridade de ter dito em 2019 que era possível trabalharmos à esquerda para construir uma maioria sólida, duradoura e estável, há uma coisa que tenho de constatar: Em 2019 isso já foi assim-assim; em 2020 ainda mais assim-assim; e em 2021, manifestamente, não existiu”, afirmou.

No futuro, a médio ou longo prazo, segundo António Costa, “porventura”, até haverá nova solução à esquerda entre PS, Bloco de Esquerda e PCP, mas “agora não há”.

“Por isso, a forma de termos maioria é sermos nós a maioria. Para isso, temos mesmo de mobilizar os portugueses. Não podemos andar de eleições de dois em dois anos e não podemos andar a governar porque nos fazem o favor de nos viabilizarem o Orçamento durante dois anos”, declarou.

 Nesta parte final da sua intervenção, o líder socialista procurou dramatizar a opção política que está em causa nas próximas eleições legislativas, argumentando que Portugal “não pode parar e que os jovens não podem esperar que o país se atrase mais”.

“Para isso é fundamental uma maioria estável e duradoura, que só é possível assegurar com o PS”, assinalou, antes de deixar um forte apelo à mobilização dos socialistas, advertindo então que “nunca as eleições estão ganhas à partida”.

Na sua intervenção, numa crítica aos parceiros de esquerda dos socialistas da anterior legislatura, António Costa disse que os partidos à direita e à esquerda do PS chumbaram uma proposta de Orçamento para 2021 com aumento dos apoios sociais e com propostas de desagravamento fiscal para os mais jovens.

Propostas que, prometeu, serão retomadas com efeitos retroativos se o PS vencer as próximas eleições legislativas.

Num discurso de cerca de 30 minutos, o líder socialista começou por dizer que o Governo teve nestes últimos dois anos sempre focado no combate à pandemia da covid-19, “que ainda não terminou”.

Um combate durante o qual, advogou António Costa, o Serviço Nacional de Saúde respondeu até ao limite, mas de forma eficaz e “não deixando ninguém para trás”.

Reivindicou, também, que o seu Governo conseguiu proteger o emprego e as empresas, numa grave conjuntura económica mundial.

No plano político, neste seu discurso, o secretário-geral do PS traçou uma linha de demarcação face ao PSD, acusando o partido de Rui Rio de pretender “congelar a evolução de aumento do salário mínimo” com o argumento de impedir que atinja o nível dos vencimentos médios.

Em contraponto, António Costa prometeu que na próxima legislatura vai empenhar-se no combate pela elevação global dos salários – um ponto em que acentuou que nem tudo cabe ao Estado e em que disse que as empresas “têm de fazer a sua parte”.

“Se as empresas querem ser competitivas, também têm de ser competitivas a contratar”, acrescentou, recebendo uma prolongada salva de palmas dos mais jovens

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Confiança: o pilar da gestão de crises na Noruega

A confiança foi essencial na gestão da pandemia pela Noruega, segundo o professor Øyvind Ihlen. Estratégias como transparência, comunicação bidirecional e apelo à responsabilidade coletiva podem ser aplicadas em crises futuras, mas enfrentam desafios como polarização política e ceticismo.

Cortes de Ajuda Externa Aumentam Risco de Surto de Mpox em África

O corte drástico na ajuda externa ameaça provocar um surto massivo de mpox em África e além-fronteiras. Com sistemas de testagem fragilizados, menos de 25% dos casos suspeitos são confirmados, expondo milhões ao risco enquanto especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas nacionais robustas.

Audição e Visão Saudáveis: Chave para o Envelhecimento Cognitivo

Um estudo da Universidade de Örebro revela que boa audição e visão podem melhorar as funções cognitivas em idosos, promovendo independência e qualidade de vida. Intervenções como aparelhos auditivos e cirurgias oculares podem retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Défice de Vitamina K Ligado a Declínio Cognitivo

Um estudo da Universidade Tufts revela que a deficiência de vitamina K pode intensificar a inflamação cerebral e reduzir a neurogénese no hipocampo, contribuindo para o declínio cognitivo com o envelhecimento. A investigação reforça a importância de uma dieta rica em vegetais verdes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights